Reflexão do Evangelho do dia 22 de Novembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Quinta-feira – 22 de novembro
Lc 19, 41-44 – Lamentação sobre Jerusalém
       
        Pasmos, os discípulos veem Jesus chorar. Diante dele se descortina a cidade de Jerusalém, a cidade da paz. O amor encarnou-se e veio a nós em Jesus. A resposta do homem é cantar a sua glória, acolhê-lo e tornar-se um canto de glória. Essa dinâmica do amor chama-se doação, acolhida e é abrir-se a um encontro. Porém, houve um descuido, essencial. A população de Jerusalém deixou de cultivar a generosidade da doação na gratuidade do ser e do agir. Um sussurro elevou-se até o monte das Oliveiras, onde se encontrava Jesus. Os gestos de bondade transformaram-se em injustiças, agressões indevidas e iniquidades. Jesus contempla cada um em seu amor pessoal e infinito. Porém, os homens romperam o laço original, negaram o Rei, reivindicam a autonomia de se situarem exteriormente ao seu Nome. Rejeitam-no na negação radical de toda dependência de Deus. “Alea jacta est”, a escolha foi feita, não admitem que Jesus seja o Messias. Eles irão levá-lo ao martírio da cruz. As lágrimas de Jesus não excluem a Palavra, mas convidam a encontrar o Silêncio no próprio coração da Palavra. Pois só quem o ouve é capaz de ouvir sua Palavra, brotada do silêncio de Deus.
Uma advertência brota de seus lábios, não a primeira, nem a última. Mas ele a faz sem a rudeza de um juiz decretando um castigo. Move-o o desejo de comunicar a imensa compaixão de um amor desolado por não poder evitar a catástrofe. Todo o seu esforço foi debalde. Como Davi sobre seu filho indigno, Jesus chora sobre Jerusalém. É o profeta que vê de modo antecipado os males que hão de vir. S. Gregório Magno declara: “Que o Senhor tenha chorado sobre esta ruína de Jerusalém que terá lugar sob Vespasiano e Tito, todo o mundo o reconhece. Mas por que foi este desastre infligido a Jerusalém? O Evangelho prossegue: ‘porque tu não conheceste o tempo de tua visita’. O Criador dos homens, com efeito, se dignou pelo mistério de sua Encarnação visitar Jerusalém. Ela ficou insensível às suas palavras e permaneceu indiferente à sua missão. Não chegou a temê-lo, também não o amou. Reprovando esta indiferença, Ele, de modo profético, recorre aos pássaros do céu: ‘A rola, a pomba e a cegonha observaram o tempo de sua migração; mas meu povo não conheceu o julgamento do Senhor’”.
        Diz S. Gregório Magno: “Se tu tivesses conhecido, também tu chorarias, tu que agora exultas, porque não sabes o que te espera”. Por isso o Senhor acrescenta: “E verdadeiramente hoje é ‘o teu dia’, no qual se oferece a ti o que seria a tua paz”. De fato, “ocupada com as coisas visíveis, Jerusalém não prevê os males futuros, embora tenha diante de si o que poderia ser a sua paz”. Ser Jerusalém, cidade da paz!

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