Reflexão do Evangelho do dia 27 de Novembro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Terça-feira – 27 de novembro
Lc 21, 5-11: A ruína de Jerusalém e o fim dos tempos
       
        Os sinais precursores do fim do mundo, preditos no Evangelho de S. Lucas, são idênticos aos referidos no Evangelho de S. Mateus e S. Marcos. Escreve S. Agostinho: “Todos os três referem-se à resposta dada pelo Senhor aos discípulos que lhe perguntavam quando aconteceria a destruição do Templo por Ele predita e qual seria o sinal da sua segunda vinda, o fim do mundo”. Os acontecimentos, apontados pelo Senhor, não se darão somente no final dos tempos, mas já estão se realizando ao longo de nossa vida cristã. O mesmo S. Agostinho observa que “eles não cessam de vir até o fim do mundo. De fato, vindo entre os seus, Jesus é reconhecido no nascer ‘de novo’ de cada membro da Igreja”. Ele não cessa de vir ao nosso encontro, preparando-nos para sua vinda gloriosa no final da história. Ela não será uma realidade trágica e temerosa. Será, simplesmente, o resultado final da conversão, do ato de convergir para Deus, o Bem, o Belo absoluto. Supremo amor, ele atrai toda a realidade criada, pois seu amor, total doação, caracteriza intrinsicamente a relação das criaturas entre si e com o Criador. Todas elas participarão da vida de Deus, conservando suas próprias particularidades.
        Normalmente, duas questões são levantadas ao se falar do fim dos tempos: quando ele se dará e quais os sinais que o precederão. Ao longo do Evangelho, repetidas vezes, Jesus assevera que a irrupção do fim dos tempos cabe unicamente ao Pai. Só ele sabe quando se dará a vinda do Filho do Homem, em sua glória. No transcorrer do tempo, haverá sinais, convites, preparando-nos para o encontro com o Senhor glorioso. Por exemplo, a destruição material do Templo de Jerusalém, descrita por Jesus como sendo a interdição do Santuário e o fim da Antiga Aliança. Se tais sinais apontam para o fim dos tempos, eles não deixam de manifestar, antes de tudo, a Aliança renovada pelo sacrifício de Jesus, entrega ao Pai, em benefício da humanidade. Desde já, proclama-se a inauguração do novo e verdadeiro Templo, que é Ele mesmo, presença plena de Deus.
No que concerne ao fim dos tempos, S. Hilário lembra que “Deus não nos deixa conhecer quando será o fim do mundo. Ele nos oferece largamente um tempo de penitência e de vigilância. Como no tempo do dilúvio, esse grande dia virá quando estivermos ocupados em nossas ações e sofrimentos”. Prevê-lo, é impossível. Porquanto, ao se revelar, a realidade divina transforma-nos segundo o ritmo de nossa comunhão com o Senhor. S. Irineu de Lyon caracteriza-a como processo de “acostumação” a Cristo. O ápice desta transformação constante, prolongando-se também pela eternidade afora, dar-se-á no fim dos tempos. Ela é a chave do nosso ingresso no eterno de Deus. Então, na obscuridade do silêncio, refulgirá a glória de Deus e nosso coração dilatar-se-á para acolher o amor divino, fonte de paz e de alegria.
         Portanto, para os seguidores de Cristo, o fim dos tempos não será um momento de temor, mas de bem-aventurança. Será a consolidação de nossa união com Deus, pois, chamados à santidade, nós estaremos dando resposta, ao longo do itinerário da vida, à exigência do amor e da misericórdia, da equidade, da verdade e da justiça.  

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