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Mostrando postagens de setembro, 2012

Reflexão do Evangelho do dia 30/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Domingo – 30 de setembro Mc 9, 38-43. 45, 47-48: O uso do nome de Jesus                 O texto evangélico adverte contra a tentação de querer apoderar-se do ministério público de Jesus. “Diz o Apóstolo João: Mestre, vimos alguém que não nos segue, expulsando demônios em teu nome, e o impedimos porque não nos seguia”. O desígnio universal da salvação passa por Jesus, pois ele mesmo diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. A História da Salvação, porém, ultrapassa os limites da história bíblica. S. Clemente de Roma salienta que desde as origens do mundo, as maneiras relacionais de Deus com a humanidade são as mesmas. Há uma só História, regida pelas mesmas leis fundamentais: doçura, paz e humildade. Ela compreende os judeus e os cristãos, mas também os pagãos e suas virtudes pertencem a esta História. Para toda a família humana são implorados os dons de Deus (n.60,4). Escreve S. Agostinho: “Como existe na Católica o que não

Reflexão do Evangelho do dia 29/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Sábado – 29 de setembro Jo 1, 47-51 – Encontro com Natanael Natanael é considerado por Jesus como um verdadeiro israelita, um homem “sem duplicidade”. Nele “não há artifícios”. Ele não é uma pessoa entregue ao fingimento e à mentira.  A declaração de Jesus expressa a pureza do coração e o dom sem reserva de Natanael. Faz-nos recordar o mandamento do Senhor: “amar a Deus, sem reserva, de todo o coração”. O contrário seria ter um “coração duplo” ou não ser alguém inteiramente de Deus. Pois alimentar a duplicidade em seu agir implicaria estar em desobediência a Deus.  A saudação a Natanael: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento” reflete o conhecimento profético de Jesus. Surpreso, Natanael pergunta: “De onde me conheces?” Buscando tranquilizá-lo, Jesus lhe diz: “Antes que Felipe te chamasse, quando estavas sob a figueira, eu te vi”. Diante de tais palavras, Natanael prostra-se, exclamando: “Rabi, tu és o Fil

Reflexão do Evangelho do dia 28/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Sexta-feira – 28 de setembro Lc 9, 18-22 – Confissão de S. Pedro         A iniciativa é de Jesus. Ele interroga os Apóstolos: “Quem dizem os homens que eu sou?” A própria pergunta coloca-os de início num ponto de vista humano, levando-os a considerar sua natureza humana. Porém, a resposta de S. Pedro abre os horizontes e leva-os a reconhecer a sua natureza divina: “Tu és o Messias”, o Cristo, o ungido por excelência de Deus. A esse respeito, lembra S. Beda: “Quando Jesus diz de si mesmo ser o ‘Filho do homem’, Natanael o designa de ‘Filho de Deus’.” De forma análoga, continua S. Beda, é o que sucede com os evangelistas. Quando o Senhor pergunta aos discípulos quem dizem os homens que é o Filho do homem, Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Revelam-se, assim, as duas naturezas de Jesus, a humana e a divina. Ele é o Filho de Deus que se tornou homem no seio puríssimo da Virgem Maria. É o mistério da Encarnação

Reflexão do Evangelho do dia 27/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Quinta-feira - 27 de setembro Lc 9, 7-9: Herodes e Jesus           “Tomando conhecimento das obras de Jesus, Herodes encheu-se de medo”, observa S. João Crisóstomo. Ele julgava que João Batista tivesse ressuscitado, o que o atemorizava e o deixava alarmado. Escreve Teodoro de Heracleia: “João poderia usar contra ele, de modo ainda mais decisivo, a sua cáustica liberdade de palavra. Motivo para ele de terror e de frustração, pois João trazia a público as suas ações desonestas”. Se o temia, Herodes não deixava de respeitá-lo, como grande profeta e servo de Deus, embora, por ele, fosse recriminado devido ao seu relacionamento adúltero. Criticado e perseguido, João Batista não tergiversava, com o intuito de adulá-lo, mas permanecia fiel à vontade de Deus e à sua Lei. Atitude que o levará a ser martirizado. Depreende-se, deste modo de agir de João Batista, uma crítica implícita a todos os que se colocam ao redor dos poderosos e dos

Reflexão do Evangelho do dia 26/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Quarta-feira – 26 de setembro Lc. 9, 1-6 – A missão dos Doze                     Jesus ordena aos seus Apóstolos: “Dirigi-vos, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel. Dirigindo-vos a elas, proclamai que o Reino dos Céus está próximo”. Com ênfase, ele recomenda-lhes não levarem nada consigo, pois os quer livres de todo apego aos bens materiais e de toda preocupação em obter posses terrenas. Mas, nas areias áridas do desprendimento, suspirando por um refrigério, oásis de Paz, eles miram nos horizontes o vulto do Senhor, que os proverá. Reflete S. Cirilo de Alexandria: “A glória deles não é a de não possuírem nada. Mas a de se colocarem nas mãos divinas”. Na renúncia, eles contemplam a aurora da alegria sobrenatural. E colocam-se no cumprimento da missão confiada pelo Senhor, que, através deles, continua a realizá-la. Comenta S. Hilário de Poitiers: “Todo o poder do Senhor foi comunicado aos Apóstolos. E para que se assemel

Reflexão do Evangelho do dia 25/09/2012

  Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Terça-feira – 25 de setembro Mt 12, 46-50 – Os verdadeiros parentes de Jesus                                                                                                                                                               O amor e o respeito de Jesus para com sua mãe e parentes são inquestionáveis. Maria e seus irmãos desejam vê-lo, mas a multidão que o rodeava era grande e eles não conseguem chegar até ele. Os discípulos notam a presença deles e avisam Jesus. Sem desprezar seus parentes, ele aproveita a ocasião para conduzir seus ouvintes ao essencial da sua missão: seu relacionamento com o Pai celestial. Por isso, elevando a voz, ele dirige-se a todos e fala-lhes da filiação divina. É a filiação espiritual, pertença à família de Deus, da qual se participa pela fé. Maria não a desconhece. Já no milagre das bodas de Caná, contempla-se sua atitude confiante, pois situando-se na ordem da fé, ela diz aos serventes:

Reflexão do Evangelho do dia 24/09/2012

             Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Segunda-feira – 24 de setembro Lc 8, 16-18: Receber e transmitir a mensagem de Jesus                   O Senhor utiliza a imagem da luz e da lâmpada para nos instruir como receber e transmitir a mensagem do Reino de Deus. A imagem da lâmpada é bastante familiar não só ao Precursor, mas também a Jesus, que permanece oculto, sob a humildade de sua “carne” e de sua Palavra. Não se pode esquecer que no mundo antigo, a lâmpada tinha uma função muito importante, muito mais do que hoje. Os judeus também referiam-se à “luz” para exprimir a beleza interior, a verdade e a bondade de Deus. “Em sua luz vemos a luz”; “Sua palavra é a lâmpada que guia nossos passos”, proclamam os salmos.          De fato, em sua benevolência, Jesus ilumina as trevas de nossa vida, enche-nos com a luz espiritual, trazendo-nos alegria e paz. Assim, a sua luz brilha nos corações dos que crêem, tornando-os capazes de contemplar a realidade di

Reflexão de Evangelho do dia 23/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Domingo – 23 de setembro Mc 9, 30-37: Quem é o maior?                 No surgimento da Igreja, o Apóstolo S. Pedro recebe do Senhor diversos sinais de primazia, o que poderia despertar, entre os Apóstolos, certa rivalidade. Não esqueçamos, observa S. Jerônimo, que os demais “Apóstolos tinham visto que Pedro e o Senhor pagaram o mesmo tributo” devido ao Templo. Tiago e João foram escolhidos, com Pedro, para serem testemunhas da Transfiguração. Eles já o tinham sido da ressurreição da filha de Jairo. Vem, então, muito a propósito a questão dos discípulos, “que se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: Quem é o maior no Reino dos Céus?” Em todos os tempos, o desejo de grandeza e de glória encontra guarida em muitas mentes. Nada escapa ao olhar atento de Jesus. Por isso, ele os toca em seus corações e procura mostrar que para partilhar da sua glória é necessário passar pela cruz. De imediato, eles não o entendem. Eram impedidos

Reflexão do Evangelho do dia 22/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Sábado – 22 de setembro Lc 8, 4-15 – Parábola do semeador           Na introdução à parábola do semeador, o evangelista fala-nos que Jesus “saindo de casa, sentou-se junto ao mar”. Ele deseja levar os leitores à compreensão de que Jesus, enviado pelo Pai, saiu de junto de Deus para vir ao mundo. As primeiras palavras da parábola nos sugerem uma ideia semelhante: “Saiu o semeador a semear”. Referem-se a Jesus, o Filho de Deus, que vai à multidão e, no dizer de S. João Crisóstomo, “torna-se mais próximo a nós pela sua Encarnação”.  A semente lançada em terra é ele mesmo que, mediante sua palavra, busca penetrar cada coração e aí criar raízes e dar frutos. S. Cirilo de Alexandria assevera que “Jesus é o verdadeiro Semeador”. Tudo o que há de bom, ele “comunica a nós, terra boa, cuja messe são os frutos espirituais”.            Delineia-se a aventura da semente caindo no terreno dos corações humanos. A parábola alcança, então, s

Reflexão do Evangelho do dia 21/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Sexta-feira – 21 de setembro Mt 9, 9-13 Vocação de Mateus                 Jesus se encontra em Cafarnaum, cidade buliçosa situada na rota de Damasco. Razão da presença aí de aduanas e dos respectivos cobradores de impostos. São os publicanos (telovai), dentre os quais se encontra Mateus, nome hebraico, provavelmente abreviação de Matatías, que significa “dom de Deus”. Jesus o chama. Na vocação de Mateus, a Tradição patrística e a literatura ascética destacam dois aspectos fundamentais: o apelo gratuito e eficaz do Senhor e a resposta pronta e incondicional de Mateus. A primeira revela a bondade e o poder do Mestre, a segunda aponta para a acolhida e disponibilidade do Apóstolo. Jesus, segundo S. Beda o venerável, “viu mais com os olhos interiores do seu amor do que com os olhos corporais. Jesus viu o publicano e, porque o amou, o escolheu, e lhe disse: Segue-me, ou seja, imita-me. Ele o segue, menos com seus passos, mas muito

Reflexão do Evangelho do dia 20/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Quinta-feira – 20 de setembro Lc 7, 36-50: A pecadora perdoada                 Diante de Jesus ninguém permanece indiferente. Rejeita-o ou é atraído por ele. Se suas palavras, por vezes, são duras, ele demonstra ser bondoso para com todos. No Evangelho de hoje, reunido com os pecadores, Jesus revela sua divina misericórdia. S. Gregório de Nissa observa que “o Senhor, convidado por um fariseu, não rejeita o convite, embora seu anfitrião não seja um dos seus discípulos, aliás, ele não crê nEle. Por que então S. Lucas transmite-nos esta cena? Talvez para dar-nos um exemplo da conduta de Jesus. De fato, deparamo-nos com muitas pessoas que, fechadas sobre si mesmas, julgam-se justas e tratam as demais pessoas com desprezo por tê-las como pecadoras. Sem esperar o dia do julgamento, separam os cabritos dos cordeiros, pois pensam ver  as portas do céu abrirem-se, exclusivamente, para elas, pois não querem partilhar com as demais o lug

Reflexão do Evangelho do dia 19/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Quarta-feira – 19 de setembro Lc 7, 31-35: Julgamento de Jesus sobre sua geração                  Jesus se pergunta: “A quem, pois, hei de comparar os homens desta geração?” O termo geração, em seu sentido semítico, designa aqueles que pertencem a um determinado “círculo” de pessoas. Do ponto de vista temporal, ele sugere certa duração de tempo ou, mais especificamente, expressa uma massa de pessoas vivendo, mais ou menos, na mesma época ou que se reúne por possuir qualidades afins, boas ou más. Fala-se, então, da geração dos justos e dos perversos. Nos Evangelhos tal termo é expresso pela palavra grega “genea” para indicar a ideia de origem comum e, secundariamente, os que foram nascidos num período de trinta anos, idade de uma geração.           Apesar da variedade de significados, a palavra assume relevância no Evangelho, pois a ela liga-se o apelo à penitência. À geração presente é chegada a hora de Deus, a hora da graça

Reflexão do Evangelho do dia 18/09/2012

R eflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Terça-feira – 18 de setembro Lc 7, 11-17: Ressurreição do filho da viúva de Naim                   Diante da dor e dos sofrimentos de nossos semelhantes, qual é a nossa reação? Ao ver a viúva, acompanhando o enterro de seu filho único, Jesus é tocado no mais profundo de seu coração e sente compaixão. Na verdade, dois cortejos encontram-se, um seguindo o enterro, outro o Senhor. Defrontam-se a morte e a vida. Vendo a viúva, Jesus “compadeceu-se e disse-lhe: ‘não chores’”. Da sensação ao sentimento, verdadeira expressão da humanidade de Jesus. Ele é verdadeiramente homem, e homem de coração. Movido em suas entranhas, Jesus tem piedade daquela mulher. Mais do que simples compaixão humana, é a imensa ternura de Deus diante da miséria humana. Jesus a manifesta  diante do cego de Jericó e nas parábolas do Bom Samaritano e do Filho pródigo.  À frente encontra-se a misericórdia divina, antes mesmo de a fé manifestar-se no pedido de

Reflexão do Evangelho do dia 17/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Segunda-feira – 17 de setembro Lc 7, 1-10: Cura do servo de um centurião                 O centurião romano suplica a Jesus: “Meu criado está deitado em casa paralítico, sofrendo dores atrozes”. Jesus o conforta e o consola, dizendo-lhe: “Eu irei curá-lo”. Comenta S. Agostinho: “O Senhor não quer, simplesmente, entrar na casa daquele homem. Ele deseja entrar em seu coração”. Ele representa alguém que reza com fé ardente e vai a Jesus com total confiança. O evangelista S. Lucas fala do servidor “que estava doente, à morte”, e do centurião, alto personagem, como alguém de profunda humildade, que, diante da atitude generosa do Senhor, diz-lhe: “Senhor, não sou digno de receber-te sob o meu teto; basta que digas uma palavra e o meu criado ficará são”.           Uma palavra basta, porque é “tua” palavra e ela é soberanamente eficaz. O militar pagão reconhece em Jesus o poder e a misericórdia de Deus. “É necessário ater-se ao mé

Reflexão do Evangelho do dia 16/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Domingo – 16 de setembro Mc 8, 27-35: Profissão de fé do Apóstolo S. Pedro         Na bela cidade de Cesareia, reedificada pelo tetrarca Felipe no ano 3-2 a. C, Jesus interroga seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” A própria pergunta sugere um ponto de vista humano. A opinião popular identificava-o com um dos profetas do passado. “Disseram: uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas”.  Voltando-se para os Apóstolos pergunta: “E vós quem dizeis que eu sou?” Ele deixa “pressentir que, para além do que se via nele, havia algo mais para compreender” (S. Hilário de Poitiers). Pedro toma a palavra e, em nome dos demais, dá a resposta decisiva e imediata, que aponta para sua natureza divina: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Verdadeira profissão de fé. Ele não a deduz de premissas puramente humanas. O próprio Jesus declara: “Não foi carne ou sangue que te r

Reflexão do Evangelho do dia 15/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Sábado - 15 de setembro Jo. 19, 25-27 -  N. Senhora das Dores                 Durante a Ceia da Quinta-feira Santa, Jesus manifesta seu amor por toda a humanidade. O ponto culminante é a instituição da Eucaristia, sacramento de sua real e verdadeira presença no meio de nós. Ela atualiza o sacrifício da Cruz em sua oblação ao Pai. No Horto das Oliveiras, diante do que o aguarda, Jesus clama: “Pai, se possível afaste de mim este cálice”. É a luta interior presente em seu coração, cuja vitória, ao contrário de Adão, revela sua identificação à vontade do Pai, expressa nas palavras: “Não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres”.         Na Sexta-feira Santa, acompanhamos sua prisão, paixão e crucifixão. Somos levados a fixar os olhos no Servo Sofredor. Contemplando-o, somos penetrados pela sua misericórdia. Suas palavras ecoam no coração dos seus algozes: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”. E o bom ladrão é

Reflexão do Evangelho do dia 14/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Sexta-feira - 14 de setembro Jo.  3, 13-17 – Exaltação da Santa Cruz                 Ao falar de sua missão, Jesus nomeia-se “Filho do Homem”, o crucificado, que “desceu do céu”, de junto de Deus. No dizer do Apóstolo S. Paulo, sua missão manifesta o “mistério escondido desde toda a eternidade em Deus”. Mistério de amor e de misericórdia revelado por Jesus, o Filho de Deus. Sua missão é marcada pela cruz, sinal de salvação para toda a humanidade. No deserto, Moisés a prefigura, mandando erguer uma serpente de bronze. Qual estandarte levantado, os que olhavam para ela, ainda que picados pela serpente venenosa, eram salvos. Lá a prefiguração. No Calvário a realização. Lá a vida humana é preservada, na cruz a vida eterna é concedida aos que dirigem com fé seu olhar para Jesus. O mesmo Deus, eternamente Deus, em sua infinita misericórdia, penetra a história dos homens e os conduz à eterna felicidade. Um hino antigo proclama: “O

Reflexão do Evangelho do dia 13/09/2013

        Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Quinta-feira – 13 de setembro Lc 6, 27-38 - Amor aos inimigos        No poder do Senhor, que penetra e vivifica nossa vida, somos convocados a respirar o ar da ressurreição. Oculto em sua humanidade, o Filho de Deus dá-se a conhecer e, na sua bondade misericordiosa, purifica-nos de nossas faltas e pecados. Ele é a “suprema epifania” do amor incomensurável de Deus, que “nos conduz, exclama S. Agostinho, àquela luz que nossos olhos não conhecem. O olhar interior, preparado, permite-nos ver a luz que ninguém pode obscurecer”. Tornamo-nos, assim, partícipes da vida divina.         Porém, para permanecer em Deus há de se observar o mandamento do amor a Deus e ao próximo, que significa, conforme S. Boaventura, participar “do amor com o qual Deus nos ama e com o qual ele nos permite amá-lo”. Amados por Deus, nós o amamos com o próprio amor que ele nos comunica. Nesse amor, que não nega a afetividade (eros), mas a eleva, n

Reflexão do Evangelho do dia 12/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Quarta-feira - 12 de setembro Lc 6, 20-26 - As bem-aventuranças        O termo grego “makários” (feliz) corresponde a “baruk”, em hebraico, e se relaciona com as promessas da aliança, anunciadas no sermão das bem-aventuranças. Elas indicam o cumprimento de todas essas promessas. São bênçãos da aliança eterna para o novo povo de Deus. Se elas descrevem a serenidade no tempo presente, também expressam a felicidade eterna saboreada pelo homem quando da visão de Deus. As perfeições evangélicas, exaltadas por Jesus no sermão da montanha, como meios para alcançar a paz e a harmonia, apontam também para a salvação escatológica. Em suma, designam a serenidade concedida à alma agora, pela contemplação, e na eternidade, pela visão beatífica.        Em suas palavras iniciais, Jesus convida seus ouvintes a alçarem seus olhos ao céu, no intuito, comenta Orígenes “de fazê-los elevar seus pensamentos para o alto”. Jesus promete torná-los f

Reflexão do Evangelho do dia 11/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Terça-feira – 11 de setembro Lc 6, 12-19: Escolha dos Apóstolos               No início de sua vida pública, Jesus escolhe doze homens para serem seus amigos e apóstolos. Eles serão a base para a constituição da Igreja por ele instituída. O evangelista situa a escolha dos Doze antes de o Senhor proferir o Sermão da Montanha, carta magna da vida cristã. Naquela importante ocasião, Jesus, como nos momentos mais significativos de sua vida, retira-se para orar. Escreve s. Ambrósio: “Ele não pede ao Pai por ele, mas ele julga oportuno suplicar ao Pai por nós como nosso advogado”.        Dentre os discípulos, ele escolhe Doze, aos quais dá o nome de Apóstolos. “Apóstolo” vem da palavra grega, cujo significado é “enviado”. Tem o sentido de missionário, mas principalmente de delegado, representante: “Quem vos escuta, a mim escuta”, diz o Mestre. E é como representante do Pai, seu enviado e primeiro “Apóstolo”, que Jesus se apresenta

Reflexão do Evangelho do dia 10/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Segunda-feira – 10 de setembro Lc 6, 6-11: Cura do homem com mão atrofiada               A cena da cura de um homem com mão atrofiada se passa na sinagoga e durante um sábado. Lá, encontra-se Jesus. Ele é observado atentamente pelos escribas e fariseus, que desejavam “ver se ele curaria no sábado, para assim encontrarem algo com que o acusar”. Buscam motivos para justificar a condenação de Jesus, fato já consumado em seus corações. Guardando sempre a serenidade e sem se preocupar com os olhares maldosos dos que o cercavam, Jesus pede ao homem que venha para o meio da assembléia. Tenso, o homem aproxima-se e permanece de pé, diante do divino Mestre. É sábado, mas Jesus, sem tergiversar, num gesto de afrontamento, realiza o milagre. Como era costume seu, ele não condena seus inimigos, mas, desejando levá-los à conversão, questiona-os. Pergunta-lhes se é permitido, em dia de sábado, fazer o bem ou o mal, salvar sua vida ou arruin

Reflexão do Evangelho do dia 09/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Domingo – 09 de setembro Mc 7, 31-37: Cura do surdo-mudo        Ao realizar o milagre da filha da cananeia, Jesus demonstra  curar sem ter contato direto com a pessoa. Basta a força de sua Palavra. É ele o Verbo encarnado, cujo poder divino, presente nele, irradia-se, impregnando mesmo suas vestes, como no caso da cura da mulher hemorroíssa. No entanto, as curas visam levar todos à conversão e à penitência, objetivo de sua missão. Logo no início de sua vida pública, Jesus proclama: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.        Mas é em território pagão que o divino Mestre irá manifestar a beleza e a bondade de Deus. Ele o faz de modo admirável nas cidades de Tiro, Sidônia e, agora, na Decápole, onde lhe apresentam um surdo-mudo para ser curado. Tocando-lhe os ouvidos e a língua, diz-lhe o Senhor: “Effatha”, que quer dizer: “Abre-te!”. Se tal expressão indica a cura da surdez física, também expressa a abertura do coração à fé,

Reflexão do Evangelho do dia 08/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Sábado – 08 de setembro Mt 1, 18-23 - José, Esposo de Maria e Pai adotivo de Jesus                             Na plenitude dos tempos, o Filho de Deus encarnou-se no seio puríssimo da Virgem Maria. S. Cromácio professa a divina filiação divina, desde toda a eternidade e “o nascimento corpóreo de Jesus no tempo”. Diz ele: “O Filho do Altíssimo assume nossa carne visível para revelar sua invisível divindade”. Mistério inefável, Deus desce até nós, torna-se homem, para elevar-nos à plenitude divina. Em Jesus, dá-se a união das duas naturezas, a divina e a humana, fim último de todas as coisas criadas. S. Irineu dirá que Jesus é a recapitulação do Universo, pois por ele tudo foi criado e para ele tudo converge.        Manifestação do amor do Pai, a Encarnação é obra da condescendência divina para que todos os homens, sem violentar sua liberdade, possam libertar-se de suas vicissitudes e alcançar a serena felicidade no cumprim

Reflexão do Evangelho do dia 07/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo Sexta-feira – 07 de setembro Lc 5, 33-39: Discurso sobre o jejum        Em seu fervor, os discípulos de João e os fariseus multiplicam jejuns e orações. Os profetas, porém, insistiam menos sobre a severidade do jejum e muito mais sobre a conduta justa e caritativa para com o próximo. A pregação deles era um forte apelo à misericórdia e à bondade.          À pergunta dos fariseus sobre a razão porque “os seus discípulos não jejuam”, Jesus atribui a si as palavras das Escrituras que descreviam o Messias como o esposo. Pergunta-lhes: “Podem jejuar os amigos do noivo enquanto o noivo está com eles?” Comenta S. Hilário de Poitiers: “Este fato demonstra a alegria dos discípulos com a presença de Jesus”. Se as núpcias só irão realizar-se definitivamente no fim dos tempos, como se conclui da parábola do banquete e das virgens prudentes, porém, antes do evento escatológico, o Esposo já veio por um tempo. É a atual presença de Jesus, que se

Reflexão do Evangelho do dia 06/09/2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para: Quinta-feira – 06 de setembro Lc 5, 1-11:  Vocação dos primeiros discípulos               O fato de Jesus mandar lançar as redes ao mar e o resultado da pesca são reconhecidos por S Agostinho como sinal da “obra de Jesus e da própria Igreja no tempo presente”. Da barca de Simão Pedro, Jesus fala à multidão. Gesto muito significativo, não só para entrever a posição de Pedro em sua Igreja, mas também para indicar a missão daqueles simples pescadores, que se tornariam pescadores de homens. S. Ambrósio observa: “Jesus subiu ao barco de Pedro, barco em S. Mateus sacudido pelas vagas do mar e, agora, em S. Lucas repleto de peixes, para que tu reconheças os inícios frágeis da Igreja e seu desenvolvimento ulterior. Os peixes representam os homens que fazem a travessia dessa vida”. S. Agostinho comenta a passagem, lembrando que os apóstolos “receberam de Jesus as redes da palavra de Deus e a lançaram no mundo, como num mar profundo, e