Reflexão do Evangelho de Domingo de Ramos – Semana Santa

Reflexão do Evangelho de Domingo de Ramos – Semana Santa
Jo 12, 12-19 - Entrada em Jerusalém

         Na abertura da Semana Santa, a entrada triunfante de Jesus na cidade santa constitui o ponto alto de toda a quarta parte do Evangelho de S. João, polarizada pela subida de Jesus à cidade de Jerusalém. Interrogações e incertezas martelavam a mente dos Apóstolos, que recordavam as palavras do Mestre, preparando-os para sua morte. O que os esperava? Aquele momento, deliberadamente, organizado por Jesus, que caminhava à frente da procissão dos “Ramos”, dava-lhes ocasião de confirmar ser Ele o Messias, ao menos, o Rei do reino iminente. Mesmo extasiados diante da glória de Cristo, eles não deixavam de reconhecer a sua humildade de servo sofredor, manifestada na escolha de sua montaria, um simples asno, alusão ao texto de Zacarias (9,9s). De fato, a escolha de um jumentinho, que sempre foi símbolo de humildade e de paz, evidencia o triunfo da misericórdia divina, mais do que a justiça.  
         Com Jesus, morre o sonho, alimentado por tantos, também pelos Apóstolos, do Messias vencedor e glorioso. O rei que anunciava a paz avança, rodeado pelos habitantes de Betânia e pelos peregrinos de Jerusalém, estendendo mantos e lançando ramos de oliveira ao longo do caminho. Todos exultavam de alegria e, como as crianças, corriam atrás de Jesus, balouçando folhas de palmeiras. No seu silêncio, o burrico torna-se falante, adverte-os para que abandonem o orgulho, o egoísmo e a ganância; e indica-lhes o caminho a ser trilhado para se chegar à paz e ao amor: a humildade e a simplicidade.
        Assustados com a chegada dos fariseus, os Apóstolos suplicam: Rabi, mande que se calem! Se eles se calarem, diz Jesus, até as pedras começarão a gritar.
As dúvidas dos Apóstolos e dos seguidores de Jesus sobre quem é Ele desaparecem: Ele é o Messias, anunciado pelos profetas, preparado pelas Escrituras e desejado por todas as nações. É o Mediador, o único que estabelece a ponte entre Deus e a humanidade, porque nele se realiza “uma Aliança bem melhor” (Hb 8,6), a mais excelente e definitiva Aliança. Por isso, proclama S. Agostinho: “Ele não perde a divindade, quando nos ensina a humildade”.  Ele é o arauto do Reino, presente nele e por ele, como jamais se tinha dado na história.
O dia declina e, já ao lado das muralhas da cidade, os Apóstolos se lembram das lágrimas de Jesus sobre Jerusalém: “Se ao menos hoje também tu visses o caminho da paz”. Também nós, imitemos os que foram ao seu encontro e, com paz e humildade, estendamos, em lugar de mantos, os nossos corações aos seus pés e “aclamemos todos os dias, juntamente com as crianças, dizendo estas santas palavras: ‘Hosana, Bendito o que vem em nome do Senhor!” (S. André de Creta).


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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