Reflexão do Evangelho de Mt 12, 1-8 - A colheita das espigas - Sexta-feira 18 de Julho

Reflexão do Evangelho de Mt 12, 1-8 - A colheita das espigas
Sexta-feira 18 de Julho

 O Sábado encerra o ritmo sacro da semana com um dia de encontro cultual e de repouso para todos, escravos e livres. Ele é, particularmente, um dia reservado à oração e à meditação, alimentos necessários à alma, e também ocasião para celebrar a bondade de Deus e a grandeza de sua obra criadora. Mas havia aqueles que o consideravam de modo muito estrito, e exigiam a sua observância em todo seu rigor. Estes são os escribas e fariseus, que ficam escandalizados quando veem os discípulos de Jesus, movidos pela fome, desrespeitar o sábado, colhendo milho para comer.  
Diante do protesto dos fariseus, Jesus pergunta-lhes: “Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição?” Ora, um dos rituais do Templo na época de Jesus era o dos doze pães da proposição, colocados no altar e substituídos todos os sábados por outros recém-assados. Apenas os sacerdotes podiam comê-los. Com estas palavras, o Mestre quer deixar claro que, antes de qualquer norma e prescrição legal, vinha a misericórdia. Aos famintos, que se lhe deem o que comer, mesmo que sejam espigas de milho colhidas no sábado consagrado ao Senhor: “Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado!”
Jesus não abroga a lei do sábado, mas censura a importância exagerada e o rigorismo dos fariseus, pois o sábado não é para ser visto como uma exigência arbitrária e tirânica, mas como um dia da semana que proclama e recorda a todos a disposição benevolente de Deus para proteger o homem em sua vida e em seu trabalho. Jesus não incita a trabalhar no sábado, no entanto, quer fazê-los compreender que o sábado jamais exclui as obras de caridade e os atos de misericórdia para com o próximo. Por isso, voltando-se para os fariseus, que hostilizam os discípulos, afirma “que no dia de sábado é permitido fazer o bem”. Aliás, pouco antes, Ele havia dito: “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Mas parece inútil esse seu esforço para explicar-lhes que ajudar o próximo é sempre meritório e agradável aos olhos de Deus. Eles permanecem irredutíveis. Mas sem se perturbar, logo em seguida, Ele cura a mão atrofiada de um homem que estava na sinagoga. Isso em pleno sábado.
Assim, as atitudes de Jesus deixam entrever o Novo, que remete todos, inclusive os fariseus, “à prática das obras de misericórdia que Deus espera de todos nós” (São Cirilo de Alexandria). O zelo pela observância do sábado não é motivo de cegueira. Simplesmente, Jesus coloca acima dele a prática da caridade e do bem. Por conseguinte, não se despreza o antigo edifício, constrói-se o novo, no qual presidem a caridade, a fé e a atitude espiritual interior, manifestada na prática do bem e do amor fraterno.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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