Reflexão do Evangelho de Mt 23, 13-22 - Ai de vós escribas hipócritas - Segunda-feira 25 de Agosto

Reflexão do Evangelho de Mt 23, 13-22 - Ai de vós escribas hipócritas
Segunda-feira 25 de Agosto
             
       Os escribas e fariseus substituem o espírito da Lei, que tem por base o amor a Deus e aos homens, por suas tradições humanas e múltiplas normas rituais. Surdos aos profetas, eles já tinham perdido o sentido profundo de suas palavras, e esqueceram-se das recomendações do profeta Miqueias, que exortava “a praticar o direito, a amar a misericórdia e a caminhar humildemente com o seu Deus”. Porque citam os profetas, mas não os traduzem em suas próprias vidas, Jesus denomina-os cegos e hipócritas. Admoestações duras e severas, mas não condenatórias. O objetivo de Jesus é levá-los, diz S. Cirilo de Alexandria, “à prática de julgar, reta e impecavelmente, seus semelhantes sem jamais abandonar a misericórdia e a sinceridade”.
        A palavra hipócrita significa usar máscara ou fazer algo para chamar a atenção dos outros sobre si mesmo. Os escribas e fariseus, que devotavam suas vidas ao estudo da Lei de Deus, dominados pela vaidade, consideravam-se seus únicos e autênticos intérpretes. Às demais pessoas, eles impingiam numerosas exigências e, em seu zelo confuso, distanciavam-se da perspectiva de Deus e de seus propósitos a respeito da Lei, chegando ao extremo de legislar sobre pequenas e insignificantes coisas. Em seu rigorismo, eles acresciam aos dez mandamentos e aos preceitos divinos milhares de pequenas regras e regulamentações, que deveriam ser cumpridas pelo povo. Indignado, Jesus não se cala. Recrimina-os por negligenciarem o mais importante: a justiça, o amor a Deus e os cuidados devidos aos necessitados, fracos e doentes.
       No entanto, a Lei mosaica não é abolida por Jesus, tampouco as tradições particulares. Elas conservam a sua importância, como Ele próprio acentua: “Pois nelas preparamo-nos para as grandes coisas”. Seu intuito é corrigir a perspectiva dos seus ouvintes, para que eles não tomem o secundário pelo essencial ou, no dizer de Orígenes, para que eles não se fixem no sentido literal das Escrituras, esquecidos do sentido espiritual, ao qual Jesus remete constantemente os seus ouvintes. Para exemplificar, Orígenes cita a prescrição de lavar o interno dos copos para não se manchar, perguntando: “Estariam eles, com essas práticas, preparando-se realmente para a purificação do próprio pecado?” Na realidade, eles não vão além do sentido literal da Lei e, por isso, não são capazes de entender as palavras de Jesus como apelo à conversão e à mudança no modo de pensar, agir e viver.


 Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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