Reflexão do Evangelho de Lc 10,25-37 - O maior mandamento - Segunda-feira 06 de Outubro

Reflexão do Evangelho de Lc 10,25-37 - O maior mandamento
Segunda-feira 06 de Outubro

       Jesus nos fala da primazia do amor, o que leva Santo Agostinho a dizer que “todos os preceitos do amor são de tal natureza, que se o homem crê ter feito algo bom, mas sem caridade, ele totalmente se equivoca”. É a exigência de amar a Deus com toda a sua alma, com toda a sua mente, com toda a sua força. Orígenes reforça essa ideia: “Amar ao Senhor não só é o maior mandamento, mas também o primeiro de todos”.
Ao longo de todo o Novo Testamento, usando parábolas ou as próprias ações, Jesus dá diversas demonstrações de amor, compaixão, generosidade e misericórdia. Com isso, Ele quer nos mostrar a infinita capacidade de amar do Pai.
São Basílio Magno escreveu que da força do amor “emerge a morte às idolatrias do pecado. Na ordem do ser, ao orgulho e à vaidade, e, na ordem do ter, às posses materiais e honrarias”. É a renúncia aos falsos deuses que criamos ao longo da vida. É a aceitação de que as palavras de Jesus precisam se transformar em atos pessoais para que alcancemos o amor de Deus. E então, como já disse São João Crisóstomo, mergulhados no amor ao Pai, reconhecemos que a majestade de Deus se honra melhor com o serviço humilde ao próximo e não só com palavras. O Apóstolo São Paulo confirma que “a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
O amor a Deus expressa-se no amor ao próximo. Com efeito, este sentimento nos invade de tal modo que é pelo próprio amor de Deus que amamos aos nossos semelhantes, sejam eles quem forem. Isso vale mais do que todos os sacrifícios praticados em seu nome. Para explicar a um doutor da Lei o que é ser próximo, Jesus narra a parábola do bom samaritano. Ele fala de um homem ferido por assaltantes, que jaz no meio de uma estrada. Três passam por ele. Os dois primeiros mostram-se indiferentes e seguem adiante sem socorrê-lo. O terceiro, movido pela compaixão, cuida do agonizante com desvelo. E este homem de bom coração é justamente um samaritano, considerado pelos judeus como estrangeiro. Pergunta Jesus: “Qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”. O homem da Lei compreende o sentido da parábola e responde: “Aquele que usou de misericórdia com ele”. Jesus então lhe diz: “Vai, e faze tu o mesmo”.
Nossa capacidade de amar ao próximo está intimamente relacionada à nossa capacidade de amar a Deus. A propósito disso, escreveu Doroteu de Gaza: “Eis a natureza do amor: quando nos afastamos do centro e não amamos a Deus, igualmente nos afastamos do próximo. Mas, se amamos a Deus, quanto mais nos avizinhamos a Ele, por amor, tanto mais estaremos unidos ao próximo, no amor”. Viver esta união é formar um só corpo, ou, como prega São Paulo, “somos membros uns dos outros”. Único corpo, ilimitado, no qual o amor circula como uma espécie de sangue divino e humano. É a transcrição na humanidade da comunhão trinitária.
O ser humano, quando tocado por Jesus, jamais estará separado, isolado. Ele se santifica e cresce na comunhão com Deus, sem nunca estar separado de seus semelhantes. De fato, a oração e o amor integram as pessoas entre si e contribuem para que cada uma realize seu progresso espiritual infinito. A meta que as impulsiona a crescer é a busca da felicidade ou, no dizer de S. Francisco de Assis, da alegria perfeita, fim último de suas diversas atividades. Efetiva-se assim a suave serenidade do amor a Deus e ao próximo.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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