Reflexão do Evangelho de Lc 12, 49-53 - Jesus diante de sua Paixão (sinal de contradição) - Quinta-feira 23 de Outubro

Reflexão do Evangelho de Lc 12, 49-53 - Jesus diante de sua Paixão (sinal de contradição)
Quinta-feira 23 de Outubro
      
O sol surgia no horizonte. A cidade despertava. Parecendo romper as barreiras do mundo físico, a voz do Senhor soou forte: “Eu vim trazer fogo à terra, e como desejaria que já estivesse aceso!” Pasmos, os discípulos se perguntavam: Que fogo é esse? Certamente, não o fogo vingador ou o da Geena, mas aquele anunciado por S. João Batista, o fogo do batismo que confere nova vida. Dizia João: “Eis que virá quem vos batizará com o Espírito Santo e com fogo!” (Lc 3,16). “Esse fogo – comenta S. Cirilo de Alexandria - é a salvífica mensagem do Evangelho, é o poder dos ensinamentos do Messias. Poder que inflama a terra e conduz os homens a uma vida de piedade e de amor”. Com a sua vinda, qual fogo divino, brilhou a fé, a caridade iluminou a todos e resplandeceu a justiça. Palavras lembradas pelos Apóstolos, no dia de Pentecostes, quando receberam o Espírito Santo precisamente sob a forma de línguas de fogo.
Em forma de paráfrase ao texto bíblico, Orígenes escreve: “Quem está perto de mim, diz Jesus, está perto do fogo; quem está longe de mim está longe do Reino”. O fogo fala de proximidade a Cristo, provocando a alternativa: estar ou não nele, deixar-se queimar por Ele ou se excluir do Reino. 
       E no silêncio do amor, o Senhor, o Filho de Deus encarnado, nosso Salvador, espera por nossa decisão. Há os que não o acolhem, os fariseus e doutores da Lei, por não admitirem que o Messias anuncie o Evangelho do amor e da misericórdia, e abrace a cruz como caminho de salvação. Mas há os que estão abertos à sua pregação e seguem com todo empenho o itinerário da cruz e do serviço, o mesmo percorrido por Jesus até o Calvário. Realizam-se assim as palavras do velho profeta Simeão, dirigidas ao menino Jesus, declarando-o “sinal de contradição”, o que é lembrado pelo próprio Senhor, ao dizer: “Numa casa com cinco pessoas, estarão divididas três contra duas e duas contra três”.
 A vinda de Cristo, tempo de decisão, nos reenvia ao fim dos tempos, mas também ao hoje totalmente atual. A verdade da Palavra de Jesus é força purificadora e renovadora, que como uma espada penetra nossa condição de morte e de divisão, para tudo preencher de luz e de esperança. O que significa isso para nós? Porventura, está o nosso coração fechado à misericórdia e ao amor? Depende de nossa decisão. A opção por Jesus transfigura o intelecto, a força e o desejo, e nos torna sinal profético de solidariedade e de doação fraterna, pois o amor ao próximo resulta do amor a Jesus e a acolhida do pobre significa adesão de vida a Cristo, independente do grau de consciência daquele que o acolhe.   


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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