Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 15 de Janeiro

Reflexão do Evangelho
Mc 1, 40-45; Lc 5, 12-16 - A cura de um leproso
Quinta-feira 15 de Janeiro

        Um leproso se aproxima de Jesus e suplica: “Senhor, se queres, tens poder para purificar-me”. Os discípulos confiam no Senhor, pois alimentam a certeza de que Ele é capaz de aliviá-los das aflições e doenças, e depositam nele as suas preocupações. Pela Lei mosaica, a lepra era considerada uma doença passível de excomunhão. Quem a contraísse seria excluído do convívio comunitário e se, por acaso, alguém fosse curado, ele devia submeter-se ao rito de purificação. Por isso, ao milagre da cura de um leproso, sinal dos tempos messiânicos, liga-se a purificação.                           
         Apesar de tantas restrições e normas, o leproso não hesita. Aproxima-se do Mestre, que, sereno, não se afasta, acolhe-o. A pureza interior de Jesus é intocável. A cena comove os Apóstolos, levando-os à admiração e ao enlevo espiritual. De sua parte, profundamente sensibilizado, o leproso se prosterna, em sinal de adoração, e, num ato de profunda humildade e de abandono confiante, implora: “Se queres, podes limpar-me”.
       Colocando-se acima da interdição da Lei, Jesus estende a mão e o toca. Toca-o, ciente de que, longe de ser contaminado pelo leproso, Ele pode purificá-lo. Em seguida, eleva os olhos, dirige-se a todos e proclama: Não é do exterior que provém a impureza, mas sim do interior do coração. E “movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse: ‘Eu quero, sê curado’”. O que faz pensar nas palavras de S. Cirilo de Alexandria: “Ele lhe concede o toque de sua mão santa e onipotente e, imediatamente, a lepra se afastou dele e o seu sofrimento terminou”. Reconfortado, o santo alexandrino exclama: “Uni-vos a mim na adoração a Cristo, que exercia contemporaneamente o poder divino e corpóreo, Ele o cura e o toca”. Orígenes dirá que Jesus “o tocou para demonstrar humildade e ensinar-nos a não desprezar ninguém, por causa das feridas ou manchas do corpo”.

       Apesar de ser miraculosa, a cura do leproso não é, simplesmente, uma ocorrência medicinal, é fruto de carinho e de amor. Jesus, cheio de compaixão, toca-o; o leproso, curado em sua carne, sente-se amado, aceito e reabilitado. Diante dessa cena, os santos sentem-se sensibilizados e procuram traduzi-la em sua vida. Assim, por exemplo, S. Francisco de Assis que, ao longo de uma estrada, se depara com um leproso. Ao beijá-lo, alegria e verdadeira doçura invadem o seu coração, sua vida já não é mais a mesma. Francisco entrega-se ardorosamente e de modo radical ao Senhor. Não houve necessidade de muitas experiências, uma única foi suficiente para conduzi-lo à visão de um mundo novo, mais fraterno e solidário. Continuando seu caminho, ele meditava as palavras do Mestre: “Quem não renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz não é digno de mim”. S. Isaac comenta por sua vez a atitude humilde do leproso, que confessa duas coisas, “sua impureza e o poder do Senhor, e implora uma terceira: a cura”. E conclui: “Todo homem que invoca o nome do Senhor, com confiança, será salvo e ouvirá: ‘Eu quero, sê curado’”.

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