Reflexão do Evangelho - Segunda-feira 19 de Janeiro

Reflexão do Evangelho
Mc 2, 18-22 - Discurso sobre o jejum
Segunda-feira 19 de Janeiro
            
       Os discípulos de João Batista e os fariseus multiplicavam jejuns e orações, apesar de os profetas terem insistido menos sobre a severidade do jejum e muito mais sobre a conduta justa e caritativa para com o próximo. Em Jesus a voz dos profetas se plenifica. O jejum torna-se sinal de um novo relacionamento com Deus e com o mundo, pois, acompanhado pela oração, ele supõe atos e atitudes de humildade, de amor e de esperança. Gesto religioso, ele prepara o homem para acolher Deus. Daí o fato de os discípulos não jejuarem: Jesus é Deus presente entre eles. No entanto, Ele não deixa de insistir no desapego das riquezas (Mt 19,21) e em renunciar-se a si mesmo para levar a cruz (Mt 10,38s).
          Para melhor ser compreendido, Jesus se apresenta como o “noivo” das núpcias de Deus com o seu povo, e os discípulos são descritos como os amigos do noivo. Aos que criticam os Apóstolos por não jejuarem, com certa ironia, Ele pergunta-lhes: “Podem os amigos do noivo jejuar enquanto o noivo está com eles?” S. Hilário de Poitiers conclui que “o fato de eles não jejuarem demonstra a alegria dos discípulos com a presença de Jesus. Nesse período, não se há de jejuar, porque o Esposo está lá e com Ele o tempo messiânico, tempo de núpcias, de abundância e de alegria”. Mas a observação do Senhor não lhes escapa: “Quando Ele lhes for tirado, eles jejuarão”, para indicar o tempo após a sua morte. Ou, no dizer de S. Basílio Magno, “para proclamar que suas vidas estão orientadas para as realidades, que ultrapassam os bens simplesmente materiais e carnais”. E então, voltados à contemplação de Deus, os discípulos não deixarão de saciar uma fome diferente, a fome da bondade e da misericórdia, do perdão e do amor.


  Por sua vez, Orígenes considera o jejum como caminho para chegarmos à profundidade da nossa alma, “lá onde se encontra a imagem de Deus escondida. Pelo jejum, diz ele, cabe-nos liberá-la da terra e purificá-la de toda sujeira para encontrar a água viva, aquela água da qual diz o Senhor: ‘Quem crê em mim, de seu seio jorrarão rios de água viva’” (Jo 7,38). Ao abade Pambo, que lhe perguntava: “O que eu devo fazer? o abade Antônio lhe disse: Não confies na tua justiça, não te aflijas com o passado, põe freio à tua língua e ao teu ventre!”.  

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