Reflexão do Evangelho - Sábado 14 de Março


Lc 18, 9-14 - O fariseu e o publicano
Sábado 14 de Março
      
       Uma dupla ilusão inebriava os fariseus. Aos seus próprios olhos, eles se julgavam justos, e “assim queriam ser considerados pelos homens”, vendo nisso motivo de ufanar-se e de gloriar-se diante de todos. Esqueciam-se de que tudo provém de Deus e que a graça não é posse do homem. O coração deles, coberto pelo véu da vaidade e do orgulho, tornava-se denso e escuro, pois não olhavam para Deus, não precisavam dele e, negando a honra que lhe é devida, ofendiam a justiça.   
O antídoto para este mal é indicado por Jesus: a humildade. Ao reconhecer que tudo lhe é gratuitamente dado, o humilde dirige uma prece confiante e agradecida a Deus, que em sua misericórdia o justifica. Para exemplificar, Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano, que subiram ao Templo para orar. Com presunção, o fariseu vangloria-se de tudo quanto foi realizado por ele e distancia-se do arrependimento e da purificação interior. Nele, o orgulho coroa a prática de suas “virtudes”. Ele sai do Templo, sem ser justificado. Enquanto o publicano, em sua prece confiante e humilde, sai justificado, “porque Deus não ouviu simplesmente suas palavras, observa S. João Crisóstomo, mas também leu a alma daquele que a proferia e, encontrando-a humilde e contrita, Ele a julgou digna da sua compaixão e do seu amor”.    
       Ao rebaixar o fariseu, líder religioso, e elevar o publicano pecador, Jesus descreve a natureza da oração e a nossa relação com Deus. Santo Agostinho pergunta: “O que pediu a Deus o fariseu? Se buscas em suas palavras, tu não encontrarás nada. Ele subiu para rezar, mas não desejava suplicar ao Senhor: Antes queria louvar a si mesmo. Não louvar a Deus, mas louvar-se era ainda muito pouco; ele exterioriza seu desprezo por aquele que rezava com humildade”. “Quanto ao publicano, continua Santo Agostinho, ele se mantinha à distância, sem ousar nem sequer elevar os olhos para o céu, porém, próximo a Deus. Sua consciência o movia e um sentimento filial o ligava ao Senhor. Deus o escutava de perto”.
O Senhor teve misericórdia do publicano que confessou sua falta e concede-lhe participar da benevolente salvação eterna. “O fariseu, exclama São Basílio Magno, perdeu a glória da justiça pelo pecado da soberba”, pois julga obter a salvação por suas próprias obras e não como fruto do amor de Deus. Por sua vez o publicano experimenta a misericórdia divina e torna-se ele mesmo misericordioso. Justificado, ele participa da intimidade da vida de Deus.

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