Reflexão do Evangelho - Terça-feira 24 de Março

Reflexão do Evangelho
Jo 8, 21-30 - Origens de Jesus
Terça-feira 24 de Março
      
       Diante das restrições de Jesus sobre sua origem, a imaginação dos fariseus que o ouvem corre à solta. A pergunta não é “donde vem Jesus”, mas “para onde ele vai”. Alguns julgam que Ele iria para a diáspora, outros imaginam que Ele iria se matar. Voltando-se para eles, em tom áspero e duro, Jesus diz que não só eles não poderão chegar lá onde Ele estiver; eles “morrerão no seu pecado”. A pretensão de ser virtuoso os deixa na cegueira espiritual, impedindo-os de reconhecer o próprio pecado e de acolher a verdade que os tornaria livres. Fecham-se à luz divina. Embora festejando o dia da Reconciliação, o Yom Kippur, eles não acolhem o Filho que lhes oferece a suavidade do perdão e do amor.  
       Não só eles, mas outros também têm dificuldade em reconhecer a sua divindade, segundo as próprias palavras de Jesus: “Vós sois daqui de baixo e eu sou do alto, vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo”. O impedimento não é de lugar, não se trata de uma questão espacial, mas de um estado espiritual. De fato, com essas palavras, Ele não os rejeita, mas quer que eles, como os seus discípulos, pertençam a um mundo novo, no qual impera a majestade e a glória de Deus, realidade absoluta, superando tudo.
       Suas palavras evidenciam o desejo de que também eles se voltem para Deus, o Distante e o Próximo, o Altíssimo e o Compassivo. Porque ao contrário, permanecendo presos ao seu sistema religioso, eles não serão capazes de acolher a misericórdia e o perdão divino.
Apresenta-se aqui o forte contraste entre Jesus e seus adversários. Descendentes de Abraão, eles se consideram livres simplesmente pelo fato de possuírem e de observarem a Lei, segundo um conceito atestado na literatura rabínica: a Lei torna o israelita livre. Jesus os rebate, argumentando que o fato de ser judeu, depositário da promessa divina, não é apenas estar materialmente vinculado a Abraão, mas é ter a mesma disposição interior: sentir-se como ele totalmente dependente de Deus. Só então eles serão capazes de compreender donde Ele procede e para onde Ele vai. Pois enquanto estiverem radicados em “seu” mundo, eles serão incapazes de acolher a sua palavra. O reconhecimento de quem Ele é só será dado, diz-lhes Jesus: “quando tiverdes elevado o Filho do Homem. Então sabereis que eu sou e que nada faço por mim mesmo, mas falo como me ensinou o Pai. E quem me enviou está comigo. Não me deixou sozinho, porque faço sempre o que lhe agrada”. É o momento final desse caminho que se realiza na obediência e no despojamento, no amor e na entrega absoluta ao Pai. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão do Evangelho de Lc 9, 51-56 - Jesus não é acolhido pelos samaritanos - Terça-feira 30 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Jo 7,37-39 - Promessa da água viva - Sábado 07 de Junho

Reflexão do Evangelho de Lc 11, 5-13 – A oração perseverante (amigo importuno) - Quinta-feira 09 de Outubro