Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 10 de Junho

Reflexão do Evangelho
Mt 5, 17-19 - Cumprimento da Lei
Quarta-feira 10 de Junho
      
       Jesus acaba de falar das “boas obras” e da obediência ao Pai. Para os fariseus, a frutuosa resposta à vontade do Pai seria o cumprimento da Lei entregue a Moisés no Sinai. No entanto, eles exacerbavam a submissão à Lei, de tal modo que a liberdade, sem vínculos significativos e espirituais, assumia feições de escravidão. Para o Senhor, ao contrário, o pressuposto é a ação livre, base da responsabilidade pessoal e exclusão do determinismo no agir. Por isso, de modo solene, “em verdade vos digo”, Jesus expõe seu posicionamento em relação à Lei, aos Profetas e, por conseguinte, em relação a todo o Antigo Testamento.
       O Senhor esclarece a questão da Lei e da liberdade. Ele é a favor da liberdade, que em sentido estrito engloba o sacrifício da própria vida. Mas evita a suposição de que, vindo em nome do Pai para cumprir uma missão, Ele estaria ab-rogando a Lei. Se Ele alerta os discípulos sobre o risco de se deixarem levar por uma compreensão rigorosa e casuística da Lei, também os acautela contra o extremo oposto: julgarem-se dispensados da Lei. Para além da “letra”, em seu conteúdo, ela é confirmada, melhor, transformada e interiorizada. Esse conteúdo ou ensinamento, que tinha sido convertido em normas e prescrições ritualísticas pelos escribas, é resgatado e escrito pelo Messias, como predizia Jeremias, nos corações dos seus seguidores.
Nele, tanto a Lei como os Profetas atingem sua realização plena, a mais perfeita, como assinala S. Hilário de Poitiers ao dizer: “Ele proclama, de modo claro e vigoroso, que a obra da Lei é superada. Ele não a abole, mas a supera com um aperfeiçoamento progressivo. Nesse sentido, Jesus declara que os Apóstolos só entrarão no Reino dos Céus caso superem a justiça dos fariseus. E, após expor as prescrições da Lei, Ele as supera aperfeiçoando-as, sem aboli-las”.

No monte Tabor, o Mestre retira o “véu”, que ainda encobre a visão interior dos Apóstolos, e eles, maravilhados, contemplam a glória do Filho de Deus e participam da luz divina. Reconhecem que essa Lei provinda de Deus, como luz para os povos, encontra sua realização perfeita na obra e nos ensinamentos de Jesus. Assim através do Evangelho escrito por ele, Mateus nos conduz a contemplar a paixão e a ressurreição de Jesus como a entrada definitiva do povo na Terra prometida. Estabelece-se a plena comunhão ou a verdadeira relação de aliança entre Deus e o homem. Canta S. Gregório de Nazianzo: “Ontem eu era crucificado com Cristo, hoje sou glorificado com Ele; ontem morri com Ele, hoje estou associado à sua ressurreição; ontem fui sepultado com Ele, hoje com Ele sou despertado do sono da morte”. 

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