Reflexão do Evangelho - Quinta-feira 25 de Junho
Reflexão do Evangelho
Mt 7, 21-29 - Os verdadeiros
discípulos
Quinta-feira 25 de Junho
Aos
olhos de Jesus, não escapava o andar arrogante dos doutores da Lei, que
mantinham uma atmosfera de falsa piedade e de formalismos cultuais. Sem
desprezá-los, mas querendo preservar os Apóstolos desse perigo, recomenda-lhes:
“Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas
sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus”. Para ser salvo,
não basta aparentar piedade, é necessário ter fé. Fé autêntica, fundada no
cumprimento da vontade do Pai e na prática do bem. A dicotomia entre o “dizer”
e o “fazer” é desconhecida a Jesus para quem dizer é fazer (rhêma, em grego, ou
dâbâr, em hebraico).
Por conseguinte, dizer
Senhor, Senhor, é comprometer-se a viver de acordo com os ensinamentos de Jesus
e a testemunhar a sua mensagem. É a vida do discípulo que dá consistência e
respaldo à sua palavra; é ela que lhe permite desdobrar suas possibilidades
humanas e ser conduzido à luz e à “glória” do Tabor. Aliás, esta não lhe é
estranha, pois, segundo Orígenes, “todo homem é por natureza templo de Deus, e
foi criado para acolher em si a glória de Deus”. A Palavra de Deus, embora eficaz
nela mesma, não dispensa jamais a colaboração do homem, pois Deus permanece,
ousamos dizer, à espera de sua decisão, ato livre de sua vontade.
Após salientar esses importantes
aspectos da vida e da espiritualidade cristã, Jesus nos fala da necessidade de construirmos
nossa casa espiritual não sobre a areia, mas sim sobre a rocha. O modo como edificamos
torna-nos capazes ou não de sobreviver às tempestades, que advirão no decorrer
de nossa existência.
Mas o simples fato de
o Mestre subentender que a casa está em fase de construção traz-nos consolo e
tranquilidade. Pois anteriormente, ao proclamar os preceitos do Sermão da
Montanha, suas palavras soavam como se nós devêssemos cumpri-los imediatamente
e de uma só vez. Agora, Ele abre os
horizontes e nos permite compreender que temos a vida toda para trilhar a via estreita
da perfeição e construir nossa morada espiritual, pedra por pedra. O homem,
apesar de permanecer homem, no dizer de Máximo o Confessor, “é inteiramente
iluminado, na alma e no corpo, mediante a graça e o divino esplendor da glória
que o penetra paulatinamente”. Dele, porém, sempre se requer uma decisão firme
e resoluta, uma vez que construir sobre a rocha significa “edificar a própria
vida sobre Deus”, frequentemente denominado “a Rocha” (Dt 32, 4-31; Sl 62,6; Is
26,4).
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