Reflexão do Evangelho - Terça-feira 30 de Junho

Reflexão do Evangelho
Mt 8, 23-27 - Tempestade acalmada
Terça-feira 30 de Junho

        Ventos e águas revoltas. No meio do lago, lá pela hora do crepúsculo, encontram-se Jesus e os discípulos numa barca, sacudida pelo vento, que fazem as ondas despencarem sobre eles. Os apóstolos, marinheiros de profissão, pressentem o perigo. Na popa, tomado pelo cansaço, Jesus dormia. Mas, a agitação das águas e o choque do barco contra as ondas não o perturbam. Apavorados, eles clamam pelo Mestre, que intrépido, de pé, coloca-se ante o vento e o mar, e grita: “Silêncio! Cala-te! ” À diferença do salmista ou de Jonas, que invocam o auxílio de Deus, Jesus age por Ele mesmo, o que suscita a exclamação dos Apóstolos: “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem? ” Três séculos mais tarde, S. Atanásio declara: “Aquele que ordenou ao mar não era uma criatura, mas sim o Criador”.
       Desde os primeiros séculos, os cristãos leem neste milagre a figura da Igreja. A tempestade e as ondas em reboliço lembram a violência da morte do Senhor e as turbulências pelas quais a Igreja há de passar ao longo de sua história. Mas, a exemplo dos Apóstolos, ela confia no Senhor, que lhe trará paz e bonança. Diz Orígenes: “Todos vós que navegais na barca da fé, todos vós que passais através das ondas deste mundo na barca da Igreja santa com Cristo, embora Ele durma em piedoso descanso, vigiam vossa paciência e perseverança. Com ardor, aproximai-vos dele, insistindo com orações”.
Jesus dorme. Seu silêncio fala da constante e serena presença daquele que tudo pode, ainda que por vezes, pareça não estar atento às necessidades e perigos dos que nele esperam. Observa S. Agostinho: “Se naufragas, é porque Cristo dormiu em ti. Esqueceste o Cristo. Desperta o Senhor e traze-o à memória. Despertar Jesus é pensar nele. Nasce a tentação, eis o vento; perturbação que te vem, eis as ondas. Desperta Cristo e Ele falará contigo e tu exclamarás: ‘Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem! ’”

       Logo a tempestade cessou completamente. Pasmos, mas fortalecidos interiormente, os Apóstolos ressurgem para uma vida de comunhão com Cristo, que os conduz a ter confiança inabalável em Deus. Dia após dia, eles crescem na sublime experiência do amor divino e entregam-se a Jesus, numa alegria indizível. Nos umbrais do mistério, deles, afasta-se o temor e, em Jesus, eles se reconhecem filhos amados do Altíssimo.

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