Reflexão do Evangelho - Domingo, 29 de março
Reflexão
do Evangelho – Domingo, 29 de março
Somos
perfeitos!
Nestes dias de silêncio e de solidão,
chamou-me atenção uma frase de S. Paulo: “Esquecendo o que fica para trás,
esforço-me pelo que está à frente e corro para a meta” (Fil 3,14).
Vieram-me
à memória os anos passados em Petrópolis. Um dos professores dizia-nos que o conceito de
movimento, progresso, crescimento, era algo recente, que não entrara ainda, de
modo eficaz, no pensamento teológico dos nossos dias.
Eu,
professor de Teologia da Igreja primitiva, período Patrístico, citava alguns
autores antigos, como S. Agostinho, que primavam, justamente, pela abordagem do
tema de progresso e crescimento, em sua dimensão teológica, espiritual, social
e política.
Hoje,
restrinjo-me a S. Gregório de Nissa, do IV século, que, em sua visão da criação
do mundo, foi comparado, pelo grande teólogo de nossos dias, H. de Lubac, a
Teillard de Chardin. S. Gregório dizia que, no primeiro ato criador de Deus, já
estava presente, em germe, toda a realidade, que se desenvolveria,
paulatinamente, ao longo da história, em diferentes formas, num crescimento
contínuo. Assim, desde o primeiro momento, a criatura humana vive em perene
tensão ou num progresso contínuo, como partícipe da infinita bondade de Deus,
com o qual mantém um perpétuo “parentesco espiritual”.
Neste
contexto, reporto-me ao que eu dizia aos estudantes franciscanos sobre o que é
ser perfeito. Por vezes, pensamos que seja algo acabado, totalmente realizado.
Se o verbo latino perficere significa
fazer completamente, não podemos esquecer que o prefixo per confere-lhe um sentido todo particular: é um prefixo de
intensidade. E como tal, em seu sentido
teológico, nos remete a um constante fazer, a uma plenitude sempre nova. Daí a
expressão do Apóstolo S. Paulo: “De plenitude, em plenitude”.
Ademais,
o desejo de ser perfeito está, muitas vezes, ligado ao adjetivo “mais ardente”,
para justamente significar que ele é dinâmico, move-se, progride,
incessantemente. Não há término. Amplia-se num movimento infinito; vale dizer,
a infinitude de Deus corresponde à infinitude de nossa busca. É significativa a
recomendação dada por S. Francisco aos frades: “Irmãos, até agora nada fizemos;
comecemos tudo de novo! ”.
Na
vida não há espaço para o desânimo, para o desencorajamento. A confiança e a
esperança são as folhas de uma grande porta, que se abre para horizontes novos
e infindos.
Tomemos
fôlego! Repousemos nas mãos de Cristo!
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
Amem dom Fernandes sua bênção
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