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Mostrando postagens de 2020

Natal 2020

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  Reflexão Abençoado Natal – 2020                     Três anos antes de sua morte, no povoado de Greccio, desejoso de vivenciar o mistério do nascimento de Jesus, Francisco de Assis pede a um homem chamado João, que lhe tinha grande amizade, para preparar o ambiente da celebração. Dizia-lhe: “Quero lembrar do Menino que nasceu em Belém, os apertos que passou e ver, com os próprios olhos, como Ele ficou, reclinado no presépio, em cima da palha, entre o boi e o jumentinho”. No dia do Natal, tudo estava preparado. Eis o primeiro presépio! Os sinos tangem! Os irmãos, também homens e mulheres dos arredores, com tochas para iluminar a noite e recordar que o Menino, nascido em Belém, era a luz do mundo. Ao lado do presépio, de pé, Francisco canta o Evangelho, os frades entoam hinos e louvores, anunciando as maravilhas do Menino, o Messias, o Filho muito amado do Pai celestial, que, sem deixar de ser Deus, nasceu de Maria. Exclama Santo Agostinho: “Desperta, ó homem, por tua cau

Reflexão do Evangelho - Domingo, 25 de outubro

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  Reflexão do Evangelho Domingo, 25 de outubro Mt 22,34-40 - O maior mandamento     Alegria, caridade, tolerância e bondade, marcam a vinda do Senhor, “um Deus que se fez homem para que o homem se tornasse Deus” (Santo Atanásio). Sua humanidade não só é semelhante à nossa, é a mesma que está em nós, de tal modo que, graças a Ele, o “novo Adão”, nos é dada a possibilidade de alcançar a realização plena e perfeita.         Ao unir, de modo indivisível, num só mandamento: “Amar a Deus e ao próximo”, o Mestre indica uma forma de vida verdadeiramente “humana”. Mais do que um mandamento, inscrito em nosso coração, ele constitui alento esperançoso, esforço criador de uma nova vida. Aqui aparece a estrutura fundamental do ser humano. Irradiando e penetrando tudo, o mandamento do amor se manifesta em sua própria e misteriosa profundidade como fonte de unidade e de justiça, permitindo superar divisões e criar a pureza do coração. Sem deixar de amar a si mesmo, ele se sente interpel

O “Poverello” de Assis

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Reflexão O “Poverello” de Assis Domingo, 4 de outubro                                                           Nascido na cidade de Assis, na Úmbria, Itália, em 1181, membro de uma família abastada da burguesia, Francisco, em sua infância e adolescência, desfrutou dos privilégios de sua classe social. Pensava dedicar-se aos negócios do pai, comerciante de tecidos. Porém, imbuído de outros ideais, alistou-se no exército de Gualtieri de Brienne, que combatia pelo Papa. Acometido por uma doença, retirou-se da frente de combate e voltou a Assis, onde, num sonho revelador, ouviu o Senhor que lhe dizia: “Faz a tua doçura, das coisas amargas”. Sente-se renovado, uma nova criatura, ciente de que “é dando que se recebe, perdoando que se é perdoado”. E, deixando o lar, enrolado em pobres farrapos, pôs-se a cantar, imprimindo no coração dos irmãos, que o acompanhavam, a mística da “perfeita alegria”, serenidade interior, ainda que na perturbante pobreza e, mesmo, no momento da mort

Reflexão do Evangelho – Domingo, 20 de setembro

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  Reflexão do Evangelho – Domingo, 20 de setembro Mt 20, 1-16 - Generosidade do Patrão        Para além dos inúmeros preceitos jurídicos e morais, Jesus proclama a herança espiritual de Moisés, reafirmada pelos profetas: o amor a Deus na solidariedade e na dedicação misericordiosa ao próximo. É a instauração do Reino de Deus, comparado por Ele a uma vinha, cujo dono, ao final do dia, paga aos trabalhadores, conforme a sua generosidade e não pelos resultados obtidos. De fato, segundo as orientações recebidas, o administrador dá a cada um a mesma importância, a começar pelos que tinham chegado ao final da tarde, terminando com os que tinham trabalhado o dia todo. O objetivo é ressaltar a atitude compreensiva e bondosa do dono da vinha, pois a diária dada a cada um correspondia ao que era necessário para colocar alimento à mesa de sua família. Por outro lado, é bastante compreensível a reação de descontentamento dos que tinham chegado à primeira hora: além de terem suportado o c

Reflexão do Evangelho - Domingo, 13 de setembro

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                                Reflexão do Evangelho Domingo, 13 de setembro Mt 18, 21-35 - O perdão das ofensas               A salvação não é apenas uma realidade futura; ela se concretiza numa forma de vida atual, que torna o homem sempre mais “humano”, e, portanto, digno de Deus. Nesse processo de realização, busca de uma identidade precisa, aberta e vivificada pelo amor, é essencial a conjunção da graça divina com a ação livre do homem, orientada para o bem. Caso seu agir não corresponda a uma vida reta e justa, ele terá sempre a possibilidade de se corrigir, graças à consciência moral, através da qual, nas palavras do Apóstolo S. Paulo, Deus lhe fala e lhe comunica a essência da Lei, expressa no Decálogo. Embora esta voz seja perceptível ao seu coração, corre o risco de não corresponder aos ditames de sua consciência: o amor a Deus, vivido no amor ao próximo e no serviço. Essa ruptura leva o Apóstolo Pedro a perguntar: “Senhor, quantas vezes devo perdoar ao irmão, qu

Reflexão de Domingo – 30 de junho

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Reflexão de Domingo – 30 de junho Mt 16, 13-19 - Confissão do Apóstolo Pedro          Um fato marcante na vida de Jesus deu-se perto de Cesareia, cidade edificada pelo tetrarca Felipe, no ano 3 a.C. Visando introduzir os Apóstolos no mistério de Sua missão, Jesus dá início ao plano de constituir a Igreja, cuja raiz e tronco é Israel, à qual ela estaria ligada.      Voltando-se para os Apóstolos, pergunta-lhes: “Quem dizem os homens que eu sou?”.  A ideia que corria, de boca em boca, apontava ser Ele “um homem de Deus” ou João Batista, ou ainda um dos profetas. Mas vós, meus seguidores, que me acompanham e são testemunhas de minhas ações e de minhas palavras: “Quem dizem que eu sou?”. Como sempre, de modo franco e ardoroso, Pedro responde em nome de todos: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus”.        Momento solene e revelador. Pedro acaba de proferir uma das mais belas profissões de fé, reconhecida por Jesus como inspirada pelo próprio Pai do céu. E ao dizer-lhe: “

Reflexão do Evangelho - Domingo, 12 de julho

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Reflexão do Evangelho Domingo, 12 de julho Mt 13,1-9 - Parábola do semeador                Aos olhos de Jesus, estende-se uma larga e fértil planície, cheia de luz e de vida, terra pródiga, que acolhe a semente lançada por um zeloso semeador. Não muito longe, o mar da Galileia. À sua margem, sentado, Jesus. Ao seu redor, uma multidão, que, atenta, ouvia pequenas histórias, as parábolas, extraídas da natureza e da vida cotidiana dos ouvintes.   Naquele instante, Ele narrava a parábola do semeador, cujas sementes, lançadas em terra, teriam destinos diversos, segundo a qualidade de cada terreno. Algumas, deixadas à beira do caminho, tornam-se um saboroso petisco para os pássaros; outras, em lugar pedregoso, logo secam; as que caíram entre os espinhos, comparados por São Jerônimo “aos escravos dos prazeres e dos cuidados deste mundo”, morrem sufocadas.            O enviado do Pai, seu Filho Jesus, é o missionário do amor e da paz, valores presentes no coração da história, com

Reflexão do Evangelho - Domingo, 05 de julho

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Reflexão do Evangelho Domingo, 05 de julho Mt 11,25-30 - Evangelho revelado aos simples                   Ao redor de Jesus, os discípulos formavam um grupo itinerante, que passava de vilarejo em vilarejo, escalando os declives da estrada, muitas vezes, sob um sol causticante. O olhar do Mestre lhes dava força, ânimo; Suas Palavras incutiam-lhes confiança: “Haverá alguém dentre vós que, se o filho lhe pedir um pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará um escorpião?” (Lc 11,11).      Certa feita, emocionado, Jesus exclama: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste essas coisas aos sábios e poderosos e as revelaste aos pequeninos”.   Para o Pai, não importa o passado pecaminoso de alguém; essencial é o hoje, possibilidade de um futuro. O seu desejo é revelar a Verdade do Filho, que veio para salvar a todos, introduzindo-os na intimidade da vida divina. Dom precioso, fruto do amor do Pai!   Maravilha! Pedro o recebeu e o expressa numa

Trindade Santa – Fonte e modelo de comunhão

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Reflexão   Trindade Santa – Fonte e modelo de comunhão            Da Trindade, qual fonte inesgotável, flui o amor, que une o Criador às criaturas: Ele é um Deus, que se relaciona, essencialmente.   A criação do homem, iniciativa do amor do Pai! Mediador entre o criado e o Criador, “limite” entre o visível e o invisível, o homem é chamado a assumir o universo e imprimir nele a marca do seu gênio. Dizia Pascal: “O homem supera infinitamente o homem”. Assim como Deus, o ser humano foge a toda definição. Livre, o ser humano tem por vocação viver a comunhão com todos, e respeitar a cada um dos seres da natureza. Diante da “atração” da “árvore da vida”, ele pode dizer: sim ou não! Impossível ser “neutro”! Mas, sem estar, ainda,   devidamente preparado para usufruir do mundo, que lhe prodigaliza, generosamente, os bens que necessita, ele come do seu fruto. Sôfrego, apodera-se das coisas de Deus, sem Deus. Pelo pecado, isolou-se, tornou-se impenetrável à benevolência do Criador; d

Reflexão - A amizade em Santo Agostinho

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Reflexão - A amizade em Santo Agostinho Ao escrever sobre a questão social em Santo Agostinho, deparei-me com algumas passagens que falam da vida feliz, como expectativa plena da esperança. No tempo presente, “a demonstração dessa felicidade é a amizade” ( Gn.litt .,16).    Pensei, então, em partilhar algumas dessas considerações agostinianas, para que, “entre os afetos da alma”, possamos, no seu dizer, “fruir de Deus”: “Como nos consola, nesta humana sociedade, plena de enganos e tribulações, a confiança sincera e o mútuo amor dos verdadeiros e bons amigos” ( De civ. Dei 19,8). Aliás, Agostinho foi o primeiro autor cristão a elaborar uma teoria sobre a amizade. Cícero viu a amizade como uma virtude política, própria dos grandes estadistas. Agostinho o cita, por diversas vezes: “A amizade, retamente e justamente, foi definida como comunicação, como benevolência e amor, de coisas humanas e divinas” (Cícero, Lael . 6,20, citado por Agostinho in Acad . 3,613; ep . 258,1)

Reflexão do Evangelho - Autoridade, sinal de unidade

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Reflexão do Evangelho Autoridade, sinal de unidade                                         A verdadeira liberdade, dom gratuito de Deus, conduz a vontade humana, segundo Santo Agostinho, a crescer no bem. A pessoa é essencialmente dinâmica; ela não é só um ser, mas um poder-ser, que foge de toda definição racional, de toda descrição. Capaz de autodeterminação e de transcendência, ela quer se revelar, graças ao exercício da autoridade, como pessoa livre e responsável, em sua plenitude.         Isto mostra que fora da pessoa humana não há verdadeira autoridade. Mas, como compreendê-la?       Nesse sentido, interessa-nos o Evangelho, que relata os frequentes e eloquentes encontros de Jesus com o povo. Sua objetividade espontânea e simplicidade levam os ouvintes a exclamar: “Ele fala com autoridade”. As palavras brotavam não de uma elaboração fora da vida, mas da palavra humana vivida e experimentada.   É este, justamente, o sentido, em grego, do termo autoridade: exsousía,

Reflexão do Evangelho - Eucaristia, doação e solidariedade

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Reflexão do Evangelho Eucaristia, doação e solidariedade         A fala das mulheres sobre o túmulo vazio e a aparição de Jesus ressuscitado não é levada a sério. Desiludidos, alguns discípulos afastam-se de Jerusalém. Dois deles tomam a estrada que, passando por Emaús, os levaria às suas aldeias. Tristes, desconsolados, acabrunhados, comentam entre si o que tinha acontecido.           Escondendo-se no horizonte arenoso e seco, o sol deitava seus últimos raios. Um Estranho se põe a caminhar com eles.... Após alguns passos, pergunta-lhes a causa de tanta tristeza. Admirados, eles dizem: “Tu és o único forasteiro que ignora os fatos acontecidos nos últimos dias! ”. Esboçando um sorriso, o Estranho denota nada saber: “O que foi que aconteceu? ”. Então, entreolhando-se os dois discípulos, tristes, cabisbaixos, abrem o coração e contam-lhe “o que tinha acontecido com Jesus, o Nazareno, profeta poderoso em obras e em palavras”. Nele depositamos toda a nossa esperança. Julgáva

Reflexão do Evangelho - Semana da Misericórdia

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Reflexão do Evangelho - Semana da Misericórdia Aparição de Jesus ao Apóstolo Tomé O cenáculo está repleto. Todos estão lá, inclusive Tomé, atordoado com o entusiasmo dos outros Apóstolos, que diziam: “Vimos o Senhor! ”.   “Não, amigos, não acredito em suas palavras”, repete ele. Pedro fica agitado, gesticulando, balança a cabeça, discorda dele... A discussão torna-se acalorada. As portas bem trancadas... O medo das perseguições... Mas, o clima é de esperança... No coração deles, a indelével lembrança da bondade, da paz interior, das palavras misericordiosas do Senhor.           De repente, no meio deles, uma voz... voz inesquecível: “A paz esteja convosco! ”. É o Mestre! Seu olhar sereno, cheio de ternura, passa por todos; fixa-se em Tomé: “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou eu mesmo”.         O coração do Apóstolo bate forte.... Ainda pensava em si mesmo.... As palavras do Mestre são firmes, claras: “Põe o teu dedo aqui e vê minhas mãos. Estende a tua mão e põe

Reflexão Semana Santa 2020 - Celebração do Tríduo Pascal

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Reflexão - Semana Santa 2020 Celebração do Tríduo Pascal        No Monte das Oliveiras, não longe de Jerusalém, Jesus está em oração. O sol se despede. Os pássaros se recolhem. Silêncio.... Tudo está tranquilo.... De repente, rumores, passos cadenciados sobem a encosta. Os soldados se aproximam... O suor, em gotas espessas de sangue, escorre, embebe os seus cabelos... Um murmúrio, uma súplica brota de Seus lábios: “Abba, Pai, se possível afasta de mim este cálice”. É chegada a hora... O coração se acelera... “Pai, que se faça a tua vontade e não a minha”.        Preso, flagelado, coroado de espinhos... Jesus caminha, a passos lentos. Em seus ombros, o braço horizontal da cruz... Ao longe, o Gólgota.   Qual lâmina afiada, os golpes do martelo penetram o coração da Mãe... Ele, rejeitado, crucificado, Palavra encarnada, volta para os algozes o seu olhar, doce e sereno, e, na ternura do seu amor, surpreende a todos: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem! ”.    

Reflexão do Evangelho - Domingo, 29 de março

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Reflexão do Evangelho – Domingo, 29 de março Somos perfeitos!                                      Nestes dias de silêncio e de solidão, chamou-me atenção uma frase de S. Paulo: “Esquecendo o que fica para trás, esforço-me pelo que está à frente e corro para a meta” (Fil 3,14). Vieram-me à memória os anos passados em Petrópolis.   Um dos professores dizia-nos que o conceito de movimento, progresso, crescimento, era algo recente, que não entrara ainda, de modo eficaz, no pensamento teológico dos nossos dias.   Eu, professor de Teologia da Igreja primitiva, período Patrístico, citava alguns autores antigos, como S. Agostinho, que primavam, justamente, pela abordagem do tema de progresso e crescimento, em sua dimensão teológica, espiritual, social e política. Hoje, restrinjo-me a S. Gregório de Nissa, do IV século, que, em sua visão da criação do mundo, foi comparado, pelo grande teólogo de nossos dias, H. de Lubac, a Teillard de Chardin. S. Gregório dizia que, no primeiro