Trindade Santa – Fonte e modelo de comunhão
Reflexão
Trindade Santa – Fonte e modelo de comunhão
Da
Trindade, qual fonte inesgotável, flui o amor, que une o Criador às criaturas: Ele
é um Deus, que se relaciona, essencialmente.
A
criação do homem, iniciativa do amor do Pai! Mediador entre o criado e o Criador,
“limite” entre o visível e o invisível, o homem é chamado a assumir o universo
e imprimir nele a marca do seu gênio. Dizia Pascal: “O homem supera
infinitamente o homem”. Assim como Deus, o ser humano foge a toda definição.
Livre,
o ser humano tem por vocação viver a comunhão com todos, e respeitar a cada um
dos seres da natureza. Diante da “atração” da “árvore da vida”, ele pode dizer:
sim ou não! Impossível ser “neutro”! Mas, sem estar, ainda, devidamente preparado para usufruir do mundo,
que lhe prodigaliza, generosamente, os bens que necessita, ele come do seu
fruto. Sôfrego, apodera-se das coisas de Deus, sem Deus.
Pelo
pecado, isolou-se, tornou-se impenetrável à benevolência do Criador; distanciou-se
de Deus e rompeu a comunhão fraterna. As consequências não são só negativas. No
Seu amor, o Pai não se afastou dele, acompanha-o, abre-lhe caminho para
alcançar o destino pretendido. Sua finalidade não foi mudada. Não só tomou
consciência dos seus limites, como também acolheu a possibilidade de ser sempre
mais: vencer o mal, vivificá-lo, porque lhe é dado superá-lo. Santo Irineu lê no
gesto bondoso do Criador, simbolizado em Adão, revestido de pele, “uma proteção
que torna possível o lento progredir da história”.
Mas
o amor do Pai é atordoante! Ele envia Seu próprio Filho, a segunda Pessoa da
Trindade, que, vencendo a morte com a Sua morte, permite, em meio ao mundo
corruptível, o ressurgimento de uma vida nova. Volta a resplandecer a Luz do
Pai. Nada há, verdadeiramente, humano, que não encontre eco no coração do
Filho. A propósito, escreve Santo Atanásio: “Tudo foi feito por Ele e n’Ele
tudo pode ser renovado”.
Eis
a nossa resposta ao amor do Pai: nosso amor ao Filho Jesus, amor comprovado
pelo cumprimento do Seu mandamento: “Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos
amei”! Mas tão grande amor, como realizá-lo? O Espírito Santo, terceira Pessoa
da Trindade, enviado pelo Pai e pelo Filho, nos purifica e nos une,
intimamente, ao Filho, tornando-nos presença do Seu amor gratuito, misericordioso.
Então, a Unidade, como Pessoa em comunhão, presente em Deus, desde toda
eternidade, efetiva-se em cada um de nós.
Como
“pessoas trinitárias”, pessoas em relação, em comunhão, abrem-se em nós os
muros da subjetividade e, unidos, vivemos em verdadeira e profunda comunhão fraterna,
guardando, com “respeito e cuidado”, a irmã, que Deus nos confiou: a Terra!
+Dom
Fernando Antônio Figueiredo
Que bela reflexão!
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