Reflexão do Evangelho – Domingo, 29 de outubro
Mt 22,34-40 - O maior mandamento
“Grande e magnífico Deus, meu Senhor Jesus Cristo”,
proclamava S. Francisco de Assis, com sua imperturbável serenidade, agradecendo
ao Senhor que entrou na história, veio ao nosso encontro, assumiu nossa
realidade humana, e por isso agora, ele podia unir-se a Jesus e tornar-se participante
da vida divina.
Alegria, caridade, tolerância, bondade, algo
espantoso aconteceu com a vinda de Jesus, pois, como escreve S. Atanásio: “Deus
se fez homem para que o homem se tornasse Deus”. A humanidade de Jesus não só era
semelhante à nossa, mas ela é a mesma que está em nós, de tal modo que graças a
Ele, o “novo Adão”, somos capazes de alcançar nossa realização plena e perfeita.
Unindo de modo indivisível os dois mandamentos: “Amarás
a Deus e ao próximo”, Jesus indica, numa forma de vida verdadeiramente
“humana”, o amor ao próximo como caminho para Deus, em quem encontramos a
salvação. Inscrito em nosso coração, ele é mais do que um mandamento; é experiência
de amor, que supera nossas divisões, e leva o escriba a exclamar: “Isso vale
mais do que todos os holocaustos e sacrifícios”.
Como se evidencia, o amor cristão não se reduz a um
mero sentimento; ele provém de nossa união a Cristo, que não anula a natureza
humana, mas a restaura e a transfigura. “Criados à imagem e semelhança de
Cristo”, no dizer de S. Irineu, não podemos ter Cristo só para nós: a Ele
pertencemos e em nossa vida pulsa uma energia pessoal, que nos conduz não apenas
a uma unidade interna, mas também a um autêntico relacionamento com Deus e com os
nossos semelhantes.
O duplo mandamento do amor fala não apenas de um
sentimento, que é passageiro, mas de um amor que abrange a totalidade do ser humano,
em todas as suas potencialidades. Ele não nos é imposto como realidade estranha
ao nosso ser; ele nasce da experiência de que “Deus é mais íntimo a mim, do que
eu a mim mesmo”, nas palavras de S. Agostinho. Eis o sentido alto de uma vida interiormente
livre para amar e servir a seus semelhantes, na magna e profunda alegria de já
estar habitando na Terra Prometida.
†Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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