Reflexão do Evangelho - Domingo, 27 de janeiro




Reflexão do Evangelho
Domingo, 27 de janeiro
Lc 1,1-4; 4,14-21 – O sentido da vida cristã (Jesus em Nazaré)


        De modo eloquente, o Evangelho fala da restauração do sentido da vida humana, mediante o sacrifício do egoísmo. Porém, o mesmo Evangelho não deixa de ressaltar que possuímos um valor integral e uma dignidade insofismável. Criados à imagem e semelhança de Deus, trazemos a marca indelével da bondade e do amor divino.
Sem abolir a sua transcendência, Deus é uma presença, que, desde a criação, nos impele a uma progressão inexaurível, no curso da qual, mais e mais, chegamos à verdade de nós mesmos.
Portanto, é inconcebível pensar que o mal do egoísmo esteja em não se valorizar a si mesmo; ele reside, precisamente, no fato de não atribuir aos outros o mesmo valor e respeito que temos para conosco. O egoísta afirma ser tudo, na tentativa de reduzir os outros a nada.
Vale lembrar as palavras insistentes do Mestre, ao nos comunicar o amor, cujo potencial de realização exige comunhão, igualdade, solidariedade. Como missionário do Pai, Ele deseja iluminar todos os seres humanos, transmitindo-lhes, mais que a luz da razão e da consciência de si, a luz interior, com seu duplo efeito: impedir que permaneçamos reduzidos à individualidade, e possamos viver como pessoas humanas, que se realizam no dom de si mesmas.
Eis a natureza humana resgatada e renovada na Pessoa do Filho de Deus feito homem!
A noção de pessoa humana, que se realiza na medida em que ultrapassa sua natureza comum, implica, sem dúvida, sua participação na vida divina. Soam aos nossos ouvidos as palavras do Mestre: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei: amai-vos assim uns aos outros” (Jo 13,34).
Em Nazaré, embora estivessem admirados da sabedoria de seus ensinamentos, seus conterrâneos permaneciam incrédulos, perguntando-se: “Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria? Ficaram escandalizados por causa dele”. E escandalizar-se, segundo o Evangelho, é o oposto de “crer em alguém”.
Eles se fecham à sua Palavra, consideram-no como um estrangeiro em sua Pátria. Razão pela qual Jesus não realiza milagres em Nazaré, mas apenas algumas curas, “para não se pensar, escreve S. Ambrósio, que Ele fosse constrangido pelo amor à pátria”. Por isso, diz S. Cirilo de Jerusalém: “Doravante, Jesus se reporta aos pagãos, que o acolherão e serão curados de sua lepra”.

+ Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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