Reflexão do Evangelho - Domingo, 8 de dezembro
Reflexão
do Evangelho
Domingo,
8 de dezembro
Jo
1, 1-18 Advento do Senhor: “A Palavra se fez carne”.
A
voz do Evangelista. S. João soa como alguém clamando no deserto;
suas inflexões e nuanças são vitais para os que o escutam. Ele
entoa um hino ao preexistente da criação: “No princípio havia a
Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. Ela
existia, no princípio junto de Deus e tudo foi feito por meio dela e
sem ela nada foi feito de tudo (panta) o que existe”.
O
Filho de Deus é o eternamente preexistente, fonte da graça e da
verdade, por quem tudo (panta) foi criado, e para quem tudo
existe. O termo grego panta, sem artigo, designa uma realidade
única e plural, todas as coisas e, igualmente, cada uma delas.
Dinâmica
e fecunda, a criação, abençoada por Deus, não é uma imensa massa
inerte e indiferente. Impelida pelo desejo insaciável do ser humano,
criado à imagem e semelhança de Deus, ela se refaz, constantemente,
e concretiza, em consonância com a vida, a Bondade divina, força
transfiguradora, que nos permite nascer, permanentemente, numa
participação sempre maior, que não cessará, nem mesmo na vida
eterna.
Eis
a grandeza de nossas origens, bem como da sublimidade do nosso
destino!
O
Advento, período de quatro semanas, é o tempo litúrgico de
preparação para a vinda de Jesus, “caminho, verdade e vida”,
fonte inexaurível de nossa assimilação a Deus. Vindo até nós,
Ele nos liberta da dualidade e da imperfeição, e nos reintegra no plano amoroso do Pai.
Ele nos liberta da dualidade e da imperfeição, e nos reintegra no plano amoroso do Pai.
Ao
estabelecer sua tenda (eskénose) entre nós, Jesus nos afasta
das trevas, que nos tornam áridos e doentes no corpo e no espírito,
e se revela, em seu modo de existir e de agir, “divinamente”
homem e “humanamente” Deus. Em sua humanidade, unindo-nos,
intimamente, ao Pai, Ele nos torna filhos de Deus, por adoção, e
partícipes de todas as perfeições divinas: inaugura-se um novo
tempo, e a vida divina começa a se desenvolver em nós e no seio da
história humana.
A
esse respeito, S. Gregório de Nissa tecerá um belo paralelo entre a
festa dos tabernáculos e o mistério da encarnação. Se antes, Deus
morava no meio do seu povo e se deixava encontrar por Moisés, e com
ele falava “da tenda”, agora, a própria Palavra de Deus se fez
carne, e nos chama à Vida.
No
Natal, contemplando, naquele que nasce em Belém, o próprio Deus,
vivamos como filhos e filhas de Deus, gerados não pela carne, nem
pelo sangue, mas pela acolhida e prática da Sua Palavra!
+Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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