Reflexão do Evangelho - Domingo, 13 de setembro

                               Reflexão do Evangelho

Domingo, 13 de setembro

Mt 18, 21-35 - O perdão das ofensas

      

       A salvação não é apenas uma realidade futura; ela se concretiza numa forma de vida atual, que torna o homem sempre mais “humano”, e, portanto, digno de Deus. Nesse processo de realização, busca de uma identidade precisa, aberta e vivificada pelo amor, é essencial a conjunção da graça divina com a ação livre do homem, orientada para o bem.

Caso seu agir não corresponda a uma vida reta e justa, ele terá sempre a possibilidade de se corrigir, graças à consciência moral, através da qual, nas palavras do Apóstolo S. Paulo, Deus lhe fala e lhe comunica a essência da Lei, expressa no Decálogo.

Embora esta voz seja perceptível ao seu coração, corre o risco de não corresponder aos ditames de sua consciência: o amor a Deus, vivido no amor ao próximo e no serviço. Essa ruptura leva o Apóstolo Pedro a perguntar: “Senhor, quantas vezes devo perdoar ao irmão, que pecar contra mim? Até sete vezes?”.

O número sete significa totalidade. Talvez, ao dizê-lo, Pedro estivesse pensando num número elevado de vezes, o que explica a surpresa dos discípulos, quando o Mestre lhes diz: “Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete”. Dizia um antigo ditado: “Se alguém pecar, uma, duas ou três vezes, se lhe perdoa, mas não quatro vezes. E isso até a terceira e quarta geração”.

A resposta de Jesus revela a bondade e a misericórdia do seu coração. Nele, não existe espaço para a intransigência e ideias de rancor. Fantástico! Quão importante é o perdão! Através da Sua misericórdia, o pecador, que se arrepende, recebe a graça de Deus e é impelido a chegar ao cume da santidade.  

Para melhor compreender a força do perdão, Jesus lhes conta a parábola de um rei que pede contas a um devedor, que lhe devia dez mil talentos, 50 vezes mais do que todos os impostos da Galileia e da Pereia. Quantia enorme, comparável à nossa dívida em relação a Deus. Sem poder pagá-la, o servo cai aos pés do rei e suplica-lhe: “Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo”. Compadecido (splanchnistheis), o rei o “soltou e perdoou-lhe a dívida”.

Entrementes, aquele a quem tudo foi perdoado encontra-se com quem lhe devia apenas cem denários. Quantia irrisória. Em vez de perdoá-lo, manda “lançá-lo na prisão até que pagasse o que devia”. O fato é levado ao conhecimento do rei, que, imediatamente, revoga o perdão que lhe concedera e o entrega aos verdugos. 

Essas palavras, fonte de esperança e de vida nova, nos transmitem uma confiança inabalável no perdão e na misericórdia do Pai eterno. Em nosso coração, ressoam as palavras do Pai-Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.




 

+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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