Reflexão do Evangelho – Domingo, 11 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho – Domingo, 11 de fevereiro
Mc
1,40-45 - A cura de um leproso
Do
momento em que nasciam, as pessoas eram lembradas a cada instante da permanente
aliança de Deus com seu povo Israel. A Lei, causa de alegria do homem justo e
piedoso, estava presente em tudo, dando informações sobre a distinção entre
sagrado e profano, puro e impuro, sobre a lepra e outros temas da vida
religiosa. A lepra, considerada como doença passível de excomunhão, excluía do
convívio comunitário quem a contraísse. Caso
alguém fosse curado, para ser reintegrado na comunidade, devia submeter-se ao
rito de purificação, com sacrifício expiatório, água corrente e a soltura de um
passarinho.
Nesse
contexto, a vinda do Messias era sonhada nos atos mais simples das pessoas; Ele
seria aquele que redimiria Israel e cumpriria as promessas da Antiga Aliança: a
cura de cegos e aleijados, a purificação de toda doença, também da lepra, não por
julgarem ter sido causada pelo pecado, mas por ser imagem do pecado.
Se
ao Messias falassem em ódio, maldade, Ele não saberia o que fosse, pois sua mão
estaria estendida para perdoar, consolar e dar vida nova. Por isso, após curar o
hanseniano, Jesus o envia aos sacerdotes, para que cumprindo a Lei, ele pudesse
atestar-lhes o advento de um mundo em estado de salvação. O evangelista S.
Marcos o confirma ao descrever a cura do leproso e de outros enfermos, de forma
profundamente querigmática: em Cristo se instalara uma ordem iniludível, o reino
da liberdade, vitória contra a imperfeição moral e todos os males.
Sem
hesitar, deformado, obrigado a ter uma vida isolada, o leproso se aproxima do
Mestre, prostra-se diante dele e suplica-lhe: “Se queres, tens o poder de
curar-me”. A cena impressiona os Apóstolos e causa espanto em muitos dos que lá
estavam. Sereno, o Mestre não o afasta, e o inimaginável acontece: “Movido de
compaixão, Ele estende a mão, tocou-o e disse: ‘Eu quero, sê curado”. S. Cirilo
de Alexandria confessa: “Jesus concede-lhe o toque de sua mão santa e onipotente
e, imediatamente, a lepra se afastou dele e o seu sofrimento terminou”. O toque
de Jesus vai além daquelas poucas palavras, expressa o amor com o qual Ele
abraça os diferentes, os rejeitados, ninguém é excluído.
A
expectativa dos Apóstolos e, sobretudo, dos doutores da Lei é ultrapassada, e o
grande pensador alexandrino, Orígenes, exclama: “Ele o tocou, para demonstrar
humildade e ensinar-nos a não desprezar ninguém, por causa das feridas ou
manchas do corpo”. A cura do leproso, amado, acolhido e reabilitado por Jesus, permite-lhes
experimentar a sua misericórdia e intuir o sentido supremo da Lei: manifestação
benfazeja do amor do Pai por nós.
Então,
lembramo-nos de S. Francisco de Assis, que indo por um dos poeirentos caminhos
de Assis, encontra-se com um leproso. Ao som da campainha, tocada por ele, as
pessoas se afastam e, com horror, evitam respirar o mesmo ar. Ao invés,
Francisco se aproxima, beija-o, e o que antes ele achava amargo, passou a ser verdadeira
doçura de espírito. A partir daquele momento, na alegria, cantando, ele anuncia
um mundo novo, mais fraterno, solidário e amigo. Assim como o leproso curado, Francisco
torna-se arauto do Evangelho do perdão e da misericórdia, presença efetiva da
salvação divina para Israel e para a humanidade toda inteira.
†Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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