Reflexão do Evangelho – Domingo, 04 de março
Reflexão do Evangelho – Domingo, 04 de
março
Jo 2,13-25 - Expulsão dos vendedores do
Templo
O Templo, casa de oração, sinal
da santidade de Deus, era o lugar onde os judeus se reuniam para fazer suas
orações e elevar seus louvores ao Deus três vezes santo. Sua moldura de ouro, imponente,
no alto da colina Moriá, erguia-se como sinal visível da presença de Deus no
meio do seu povo, meta ansiada por todos os que vinham em peregrinação a
Jerusalém.
Na época de Jesus, o Templo se
tornara refúgio de mercadores, vendedores e cambistas. Mesmo os saduceus, que
tinham a responsabilidade direta de sua gestão, não se preocupavam em tornar o
culto menos poluído. Ouvia-se, por toda parte, o alarido de comerciantes que,
diante de seus empreendimentos comerciais, em contraste com o sentimento
frustrado e contrariado de muitas pessoas, alardeavam os seus produtos. Os
piedosos frequentadores lembravam que, 620 anos antes daqueles dias, o profeta
Jeremias tinha profetizado que o Templo se tornaria “uma caverna de bandidos”.
O texto bíblico nos provoca e
nos faz perguntar se hoje nossos templos e igrejas não estão também contaminados.
Porventura, não há aqueles que proclamam a Palavra de Deus com fins lucrativos
ou com objetivos menos dignos? Não existem ministros do Evangelho que, em
detrimento do culto divino, se tornam empreendedores comerciais? Nesse sentido,
são muito atuais as palavras do Apóstolo S. Paulo que exorta os coríntios a
louvar a Deus não com “fermento de malícia e perversidade, mas na pureza e na
verdade” (5,8).
Estando em Jerusalém,
acompanhado por seus seguidores, Jesus chegou às portas do Templo. Decepcionado
com o que via, fez um chicote de cordas e começou a expulsar os vendedores,
cambistas e animais, dizendo com autoridade: “Tirai daqui tudo isso e não
façais da casa de meu Pai casa de negócio”.
A purificação ritual transforma-se em limpeza moral, certamente bem acolhida
pelos devotos, que estavam descontentes com a situação que reinava no local. Porém,
os demais, sobretudo os hierarcas, sentiram-se abalados e mesmo ameaçados; para
eles, era impensável que alguém, estrangeiro, agisse daquela maneira em sua
cidade e, pior ainda, falasse com tal familiaridade de Deus, e com total
ousadia anunciasse a substituição das vítimas do sacrifício pela oferta
incruenta de sua própria vida.
Admiremos!
Contemplemos! Eis o profeta, missionário do Pai, que anuncia uma nova ordem e um
novo sacrifício a ser oferecido, do nascer ao pôr do sol, do qual ninguém será
excluído, pois desde já, a misericórdia divina penetra a terra e a humanidade,
e um novo mundo é instaurado na justiça e na paz, na unidade e no respeito para
com a criação toda inteira.
†Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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