Reflexão do Evangelho – Domingo, 18 de março
Reflexão do Evangelho – Domingo, 18 de
março
Jo 12, 20-33 - Jesus, morte e glorificação
A
História da Salvação é história da Esperança, que, proclamada desde o início da
criação, culmina com a solene promessa, expressa no grito esperançoso do Senhor
no Apocalipse: “Sim, venho muito em breve! ”; e a Igreja que aclama: “Amém!
Vem, Senhor Jesus! ” (22,20).
No Cristianismo, a esperança é
algo familiar, constitui um fato natural, uma experiência de vida, uma
realidade que não se exaure; abre-se a prospectivas, horizontes novos e
imprevistos, a realizações posteriores. É o que adveio ao povo de Deus em sua
caminhada para a Terra Prometida.
O forte fundamento da
esperança para os que caminham, quais peregrinos, à sombra da cruz, é a própria
vida do Senhor. Em Jerusalém, após declarar ser o Filho de Deus, que veio
salvar a tudo e a todos, vendo os ânimos de seus inimigos se acirrarem, Ele
pressente que se aproxima o momento doloroso de sua paixão e morte, momento do
gélido abraço da morte.
Ao chegar a sua hora, hora de
sua elevação-glorificação sobre o madeiro da cruz, hora da “esperança
crucificada”, do lado aberto do Senhor jorrarão as águas da misericórdia, dom de
vida nova, para todos os que o acolhem. A propósito, exclama S. Paulo: “Cristo
ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram” (1Cor 15,20).
Profundamente emocionado,
Jesus anuncia a sua glorificação. Mas para que os Apóstolos não entendessem que
Ele falava de glória terrena e sim de um itinerário de vida e de esperança, visando
corrigi-los, Ele volta a falar de sua morte próxima e compara sua missão ao
grão de trigo, que lançado em terra boa, morrendo, produzirá muitos frutos,
sinal da livre doação de sua vida ao Pai para a reconciliação da humanidade
toda inteira. Com efeito, proclama S. Cirilo de Alexandria: “A cruz se torna o
começo de sua glorificação: aquela que, sobre a terra, Ele recebe das nações
como Deus” (PG 74,84-85).
A vitória sobre o mal e o
pecado, conquistada por Jesus, crucificado e ressuscitado, fortalece seus
discípulos e lhes permite viver o desprendimento neste mundo e o serviço
generoso e gratuito a todos, pelos quais eles assinalam ser Deus sua prioridade
sobre todas as outras coisas. Cumpre-se, assim, a “lei do grão de trigo”,
formulada nas palavras: “Quem se apega à sua vida perde-a, mas quem faz pouca
conta de sua vida neste mundo guarda-a para a vida eterna”.
Com o Apóstolo S. Paulo, os discípulos dirão:
“Já não vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Gerados por Deus para a
Vida Eterna, na vitória da cruz, eles reconhecem o Filho do Homem, que se
revela medida humana de todos os irmãos, sua verdade, sua liberdade, sua
esperança.
†Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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