Reflexão do Evangelho – Domingo, 11 de março
Reflexão
do Evangelho – Domingo, 11 de março
Jo 3, 14-21
– Jesus, vida e luz
Nos
ambientes religiosos judaicos, esperava-se um salvador escatológico para Israel
e para todas as nações, tradicionalmente chamado “de luz do mundo”. O tema é
fascinante, possivelmente, já discutido e debulhado no Conselho dos anciãos. Um
de seus membros, Nicodemos, ao tomar conhecimento da pessoa de Jesus, e após
ter a certeza pessoal de que Ele era um homem de Deus, resolveu marcar um
encontro com Ele à noite, para evitar a crítica de seus colegas mais rígidos.
Ao
encontrá-lo, suas primeiras palavras expressam confiança: “Sabemos que vens da
parte de Deus como um Mestre, pois ninguém pode fazer os sinais que tu fazes se
Deus não estiver com ele” (3,2). Neste sentido, dizia um provérbio rabino: “As
palavras do homem que conhece o temor de Deus serão ouvidas” (Berachot, 6b).
É
importante recordar que a palavra revolucionária de Jesus não é uma crítica à
Lei judaica, mas é o anúncio de uma vida guiada pelo mandamento do amor,
compreendido de um modo novo, mais radical. Por isso, Jesus, após identificar-se
ao Filho do Homem, que seria levantado, assim como “Moisés levantou a serpente
no deserto”, dirige a Nicodemos um breve discurso, melhor, um convite
perturbador: afastar-se dos esquemas individualistas para apostar em Deus. Sensibilizado,
Nicodemos, homem experimentado na vida, não se sente ainda suficientemente
forte para se lançar na aventura proposta por Jesus.
Mas
o olhar do Senhor, sereno, tranquilo, o coloca ou recoloca no horizonte de um Deus
que jamais abandonou seu Povo e sempre se fez presente nos momentos mais
difíceis e tensos de sua história. Interiormente apaziguado, Nicodemos é
atraído à fé, que é mais do que as aparências e as obrigações formais da Lei. O
Senhor lhe abre o caminho! O único caminho! Não para um retorno ao princípio,
mas para se chegar à salvação, realizada por um Salvador definitivo, chamado
Messias.
Pois
bem! O que lhe parecia incompreensível e impossível de ser realizado é superado
pelo amor generoso e gratuito, bem inestimável, projeto de vida pelo qual ele é
impelido a orientar sua vida na direção de Deus e de seus semelhantes. O olhar,
sempre o olhar de Jesus, nada havia nele que pudesse expressar severidade, simplesmente,
permitia-lhe contemplar a face humana de um Deus bondoso, misericordioso, que o
acolhia e o convidava a recitar confiante o “Pai-Nosso”.
Grato e feliz, ciente da grandeza de suas
origens e da sublimidade de seu destino, Nicodemos retoma a caminhada
espiritual para a Terra Prometida, como participante da “liberdade dos filhos
de Deus”.
†Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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