Reflexão do Evangelho – Domingo, 29 de abril


Reflexão do Evangelho – Domingo, 29 de abril
Jo 15, 1-8 - A verdadeira Vide
     
      Atentos e admirados, os Apóstolos ouvem Jesus que, sem traços de legalismo, fala de uma fé que exclui todo temor. Ele extrai da vida, do dia a dia, exemplos que chegam ao coração dos ouvintes.
Hoje, Ele utiliza a alegoria da videira, que para os judeus simbolizava a comunidade de Israel e sugeria a ideia de paz, de felicidade e de unidade.  É surpreendente! Para exprimir sua união com eles, Jesus não se refere à vide, mas só a um pé de uva, um simples galho. E Ele o faz para exprimir a união entre o tronco e os ramos, ou seja, entre Ele e os discípulos, tudo já neste mundo, estando a caminho para a justiça e a paz. Suas palavras, o ardor delas, sentido por eles, transmitem profunda admiração e confiante amizade, pois Deus, na Pessoa de Jesus, assume o nascimento deles para a vida divina, que é igualmente eterna.    
Da videira, única e una, que é Jesus, brota a seiva, a vida, a graça divina, que permite ao discípulo passar do estado de pecador, àquele de amigo e filho adotivo, tornando-se presença da bondade, da justiça e da paz de todos com todos. Efetivam-se as palavras do Senhor: “Ele permanece em mim e Eu nele”, pois, em sua verdade profunda de Filho de Deus, Jesus é a verdadeira vide, que estabelece com o discípulo a mais íntima comunhão, baseada no seu amor, amor que nem mesmo a morte poderá destruir. O vínculo estabelecido com Jesus atesta que sua natureza humana, totalmente invadida pela vida filial, assumida pelo Verbo, transmite ao discípulo, assim como a videira aos galhos, a seiva da graça divina, a vida filial.
 União mística! Unido a Cristo, introduzido pelo Espírito divino no espaço de comunhão com o Pai, ele irá traduzir a teoria, em prática de vida fraterna; o ritualismo, em obras de misericórdia, simbolizadas pelos frutos. Essa união da Vide e dos ramos constitui o meio eficaz e indispensável para obter uma vida frutífera, através da qual o discípulo glorifica o Pai, que, então, estabelece sua morada (shekiná), santuário de amor, no meio do seu povo.
 Força do amor! É a grandeza da reciprocidade entre Jesus e seus discípulos: “Vós em mim e Eu em vós”, verdadeira unidade, vida divina e eterna, que circula até o mais distante e ínfimo galho da videira! Possuindo, em sua humanidade, a vida de Filho de Deus, Ele dá a todos nós, seus irmãos, a filiação divina.
 Ah! Cristo é a fonte de toda graça! Daí exclamar S. Agostinho: “Ele jamais poderia ser a videira, caso não fosse homem. Mas Ele não poderia comunicar sua força aos ramos, caso não fosse também Deus”. Como consequência, as relações que nos ligam aos nossos semelhantes, ficam igualmente renovadas e a unidade existente entre nós será sinal de uma sociedade de amor, de paz, “e a obra da justiça consistirá na tranquilidade e na segurança para sempre” (Is 32,17). 



†Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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