Reflexão do Evangelho - Domingo, 14 outubro


Reflexão do Evangelho
Domingo, 14 de outubro
Mc 10,17- 27 - O jovem rico

        Um jovem procura Jesus com o intuito de assegurar-se da felicidade futura: “Bom Mestre, que farei para ganhar a vida eterna?”. Jesus ouve o jovem, sonda-o, penetra-lhe as intenções. Segundo uma mentalidade comum na época, o jovem julga que a posse de bens materiais é sinal das bênçãos divinas. E mais. Suas palavras parecem sugerir a ideia de que seria, também, possível alcançar a felicidade futura, através de obras, agrados e elogios.
Ao responder: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém”, Jesus destaca que só Deus é o doador de tudo quanto é bom, inclusive a vida eterna. A seguir, procura levá-lo para lá da observância dos mandamentos, exigência válida para todos, mesmo para os gentios. Com suaves palavras, Ele destaca a necessidade de se liberar do egoísmo, que encerra o indivíduo em sua própria individualidade, separando-o de seus semelhantes, e, numa natureza fragmentária, o impede de potencializar suas estruturas interiores de sensibilidade, de amor e de solidariedade, que lhe permitiriam desprender-se de suas riquezas.
A força da esperança! Jesus quer despertar, no mais fundo do coração daquele jovem, o desejo de viver a grandeza de sua pessoa em Deus: verdadeira fonte de sua identidade e autêntico lugar de unidade e de comunhão. Por isso, com um olhar de afeto, Ele lança um desafio: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus”. Aí está a fonte de uma alegria inefável, o segredo do otimismo cristão. Na liberdade interior, ele se reconheceria parte de uma grande unidade, e, animado pelo espírito de Cristo, no desprendimento alegre de si mesmo, abriria, generosamente, seu coração para o bem dos outros.
Para além da observância dos mandamentos de Deus, que são válidos para todos, Jesus fala de uma entrega maior, sem buscar o próprio interesse nem no pequeno nem no grande, vivendo, em radicalidade, o preceito do amor a Deus e ao próximo, através dos conselhos evangélicos.
Nada supera a Deus. Em nosso coração está inscrito a grande carta da liberdade humana, que não nos orienta, necessariamente, para o despojamento de todos os bens, como bem ilustram os Atos dos Apóstolos. De fato, por ocasião do diálogo de Pedro com Ananias de Safira, em que mentiram sobre o preço obtido com a venda de sua propriedade, permanecendo secretamente com parte dele, diz Pedro: “Por acaso não podias conservá-lo sem vendê-lo? E depois de vendido não podias dispor livremente da quantia?” (5,4). O pecado deles foi a mentira.
A renúncia aos bens terrenos não é uma condição indispensável para a salvação. O mal não está na posse de bens, mas na ganância e em suas consequências, como a corrupção e a escravidão do coração. O objetivo da vida cristã é a pureza de coração, que não se realiza, em primeiro lugar, pela renúncia, mas pelo amor, que se reveste das virtudes, e é paciente, despretensioso e tolerante.


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm





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