Reflexão do Evangelho - Domingo 17 de fevereiro
Reflexão
do Evangelho
Domingo,
17 de fevereiro
Lc
6, 17.20-26 - As bem-aventuranças
Numa bela manhã de primavera, luzes mais
luzes, na planície, o Mestre fala aos Doze e “à grande multidão de pessoas
provindas da Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia”. Soavam,
ainda, aos ouvidos deles, as primeiras palavras do início de Sua missão:
“Convertei-vos e crede no Evangelho”.
Ele
lhes fala, com doçura e simplicidade, escrevendo na alma de cada um deles, para
além da insipidez casuística, o sentido supremo da Lei: justiça e misericórdia,
plenificadas nas Bem-aventuranças.
Arrebatado
pelo desejo de abraçar a humanidade toda inteira, seu coração se expande ao
anunciar o duplo amor: o amor a Deus e a proeminência do amor ao próximo, amor
comprometedor, fruto da relação harmoniosa com Deus e das pessoas entre si. Dirá
S. Gregório de Nissa: “Eis a vida pura e sem mistura das bem-aventuranças! ”.
Anúncio,
denúncia. Jesus quer tornar presente o desígnio divino de unir toda a
humanidade na forma do amor e da solidariedade, levantar caídos, animar
desesperados, restaurar a vida dos pecadores. Mas, também, qual Profeta dos
últimos tempos, protesta por ter o povo se afastado do Pai e da Aliança, abandonado
a situação original de igualdade e de comunhão. Conclama todos à responsabilidade
de valorizar a dignidade pessoal de cada pessoa, contra toda opressão, quer
ideológica, quer social.
O
amor não se esgota jamais. É fonte de vida, de paz, de felicidade; é a riqueza
essencial, que permite viver o despojamento e a generosidade, a não se fechar sobre
si mesmo, mas, num projeto de vida, abrir-se à perpétua interlocução com os
outros e com Deus.
A voz sonora e forte do Senhor ressoa, calam-se
as paixões desordenadas e os desejos de dominação e de poder. Eleva-se o
insistente convite para que todos trilhem o caminho para a Terra Prometida,
onde “a obra da justiça consistirá na tranquilidade e na segurança para sempre”
(Is 32,15-17); porto seguro, onde os pobres e os tristes, os injustiçados e os perseguidos,
tornam-se portadores das bênçãos divinas; caminho de salvação, mudança
escatológica de um povo renovado, em que todos se sentirão cidadãos do Reino e,
como filhos e filhas de Deus, estarão orientados para a unidade e comunhão de
todos.
Concretiza-se
o “não” radical de Deus contra todas as formas do mal, e é proclamada a garantia
da vitória final. A partir de então, pela “Carta Magna”, Jesus declara que os
bem-aventurados adquirem uma “identificação global” e, na liberdade profética,
reconhecem irmãos todos os seres humanos. Em Cristo, reúne-se uma única
humanidade futura, a verdadeira nova criação de Deus.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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