Reflexão do Evangelho – Domingo, 09 de julho
Mt 11,25-30 - Evangelho revelado aos simples
Ao redor
de Jesus, os discípulos formavam um grupo itinerante, que passava de vilarejo
em vilarejo, escalando os declives da estrada, muitas vezes sob um sol
causticante, mas sustentados pelo olhar do Mestre e pela confiança em Deus que
Ele lhes transmitia a cada instante. Ao
dirigirem sua prece como filhos que abrem ao Pai seu coração, a insegurança e as
preocupações se esvaem, pois Jesus não só chamava a si as criancinhas, mas lhes
dizia: “Haverá alguém dentre vós que, se o filho lhe pedir um pão, lhe dará uma
pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? ” Confiando na benevolência
de Deus, à lembrança da atitude de Jesus em suas orações, eles o chamarão de
Pai.
Na pessoa de Jesus, Deus se tornou próximo dos
homens. “Tende fé em Deus! ”, diz-lhes Jesus, ensinando-lhes a oração do Pai-Nosso
e convidando-os a confessar suas dores, incertezas e tudo aquilo que os ocupava.
A atitude do Mestre: confiante, simples e espontânea ficou, sem dúvida, gravada
profundamente na memória dos discípulos, pois ela se tornou logo a prece
central da comunidade, que devia recitá-la três vezes ao dia, segundo a
Didaqué, pequeno catecismo escrito entre os anos 60 e 80.
Ao declarar:
“Ninguém conhece quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser
revelar”, Jesus está incentivando os discípulos a entrarem no tabernáculo do
próprio coração, para receberem o conhecimento do Pai, concedido por Ele, não
de modo arbitrário, mas àqueles que se colocam em sua escola e, sem nenhuma
arrogância, abrem o coração para o Pai e imploram o seu perdão. O que importa
para Jesus não é o passado pecaminoso de alguém, mas é o hoje da conversão, a
possibilidade de um futuro.
Ao ouvirmos e acolhermos essas palavras, somos
introduzidos na intimidade da vida de Jesus com o Pai, pois, no dizer de São
Gregório de Nazianzo, “o Senhor se faz pobre; suporta a pobreza de minha carne
para que eu alcance os tesouros de sua divindade. Ele tudo tem, de tudo se
despoja; por um breve tempo se despoja mesmo de sua glória para que eu possa
participar de sua plenitude”. Na realidade, são coisas simples, todas elas
demonstrações da riqueza, que o amor transbordante de Jesus deseja transmitir a
todo ser humano: fazer parte da intimidade da vida do Pai, que se chama
misericórdia.
+Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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