Reflexão do Evangelho – Domingo, 30 de julho


Mt 13, 44-46 - As parábolas do tesouro e da pérola




     Jesus se exprimia num estilo bastante popular, contando parábolas, que eram conhecidas desde muito em Israel. Traçava quadros tirados da vida cotidiana e fazia das parábolas um meio direto e concreto de transmissão dos seus ensinamentos. Deixava entrever, às pessoas simples da Galileia, que mesmo as realidades frágeis e precárias desta terra adquiriam um novo sentido à luz de sua pregação. Falava de perdão e os corações se sentiam reconciliados, falava de paz e os ódios serenavam, falava da bondade e da misericórdia do Pai e todos se sentiam renovados e confiantes no futuro. Quando perguntado por que utilizava parábolas, Ele responde: “A vós foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a esses não é dado. Eis porque lhes falo em parábolas para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam”. Desejava tocar todo o ser da pessoa, não só o intelecto, pois em torno dele, o mundo parecia, por vezes, uma cidadela de arrogância, de prepotências; com ternura, Ele proclamava a liberdade e a fraternidade humana.
Daí o fato de Ele comparar a bem-aventurança da Terra Prometida do Reino de Deus, dom gratuito, fonte de alegria e de júbilo, a um tesouro enterrado, descoberto de modo fortuito. Mas as portas do Reino só se abrem para os discípulos se eles aderirem e se empenharem, como aquele homem, que adquiriu o campo, ou como aquele negociante, que, “ao achar uma pérola de grande valor, vai e vende tudo o que possui e a compra”. A pedra, reconhecida pelo seu valor, beleza e perfeição, é comparada ao inestimável dom do Reino, digno do sacrifício de todos os demais bens.
O Reino de Deus é vida de comunhão com o Pai; é manifestação de sua misericórdia, anúncio de um amor salvador, que recria o pecador, fazendo-o ser novo. O Reino representa a plena realização do nosso ardente desejo de paz, de felicidade e de liberdade interior, e provoca a transformação de nosso ser e de nossas relações com os outros e com o mundo. Ao ritmo destas mudanças, as portas do Reino se abrem e, então, sob a luz do Evangelho, voltamos nosso olhar para as alegrias terrenas e reconhecemos que Deus, com suas ponderosas e amorosas ações, não produziu apenas nós, seres humanos, mas produziu uma ampla e bela comunidade, que comparte a vida conosco, “formando, no dizer do Papa Francisco, uma família universal”.
Uma das expressões mais belas desse amor que nos une é a amizade, totalmente desinteressada, que nos faz sentir o carinho do Pai bondoso e misericordioso, pois cada um de nós, como bem compreendeu S. Francisco de Assis, coloca o outro antes de si mesmo, comunicando amor, onde há ódio, perdão, onde há ofensa, alegria, onde há tristeza, luz, onde há trevas. Aí está o segredo da mensagem de Jesus: viver o sonho do Reino de um amor que não tem fim, amor que vai até o extremo de dar a vida por todos.


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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