Reflexão do Evangelho – Domingo, 06 de agosto
Mt 17, 1-9 – Transfiguração do
Senhor
No
alto da montanha, enquanto Jesus rezava, Pedro, Tiago e João, que tinham
permanecido um pouco afastados, adormeceram. Ao acordarem, pasmos, contemplam a
mudança que se dera no Mestre: o rosto resplandecia como o sol e suas vestes
eram de um branco ofuscante. Ele conversava com duas figuras, que os Apóstolos
identificaram como sendo antigos profetas, vindos saudá-lo pelo cumprimento da
Lei e das profecias. Por isso, querendo perpetuar aquele momento, eles exclamam:
“Façamos três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Eis
que, de repente, envolvidos pela nuvem luminosa da presença de Deus, eles contemplam
o esplendor da eterna glória e já participam, misteriosamente, da nova
humanidade de Jesus, quando não mais haverá nem dia nem noite, mas luz perpétua,
imensa paz e doce e saboroso amor, para além de todo medo.
No
Messias humilhado e sofredor da Cruz, os Apóstolos serão tocados pelo Filho do
Homem, que os conduzirá ao coração misericordioso do Pai; agora, a face
transfigurada de Jesus reflete o fascínio irresistível daquele que cria ao seu
redor uma atmosfera de paz, de amor e de alegria, levando Pedro a exclamar:
“Rabi, é bom estarmos aqui”. Assim, na abertura do mistério, eles entreveem o
Filho de Deus e se sentem arrebatados e completamente maravilhados, como que
esquecidos dos muitos temores e das penosas preocupações, do emaranhado dos
erros e dos árduos trabalhos, das debilidades e das dores. Daí dizer S.
Gregório Palamas: “Se o corpo deve tomar parte, com a alma, dos bens inefáveis,
no século futuro, é certo que também deles deve participar, na medida do
possível, desde esta vida”. Pois, graças à Transfiguração, a criatura humana,
ser mortal por natureza, reconhece que a morte corporal é passagem
transfiguradora para a definitiva comunhão com Deus.
Por conseguinte, lá, no monte Tabor, engalanado
de luz, Jesus prenuncia o início da verdadeira nova criação de Deus, que
desponta e madura dentro da vida do homem mortal, resultante de sua ação
histórica: trata-se do corpo transfigurado, um futuro realizado pelo homem
interior em sua inserção na vida de Deus. Essa compreensão é proclamada pelo
Prefácio da missa dos mortos: “Ó Pai, para os que creem em vós, a vida não é
tirada, mas transformada, e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos
céus, um corpo imperecível”.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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