Reflexão do Evangelho – Domingo, 01 de outubro
Mt
21, 28-32 - Parábola dos dois filhos
Um agricultor pede aos seus dois filhos
para irem trabalhar em sua vinha. O primeiro, prontamente, dá o seu
assentimento, porém, não vai; o outro, secamente, responde: “não quero”; mas
depois, arrependido, volta atrás, e resolve atender ao pedido do pai. Reconsiderando,
ele não consegue admitir a possibilidade de discordar do pai, não por temê-lo,
mas pelo receio de se fechar sobre si mesmo e não corresponder a uma vida de
comunhão. Praticamente, trata-se de uma conversão, consequência do profundo anelo
de estar com o pai e de se colocar de acordo com a sua vontade, pois a própria
diversidade e diferenças entre eles não pode ser ausência de relações, que
exigem uma unidade fundamental, estabelecida não pelo poder da violência, mas
pelo poder do amor. E ele o ama.
Em
geral, esta passagem bíblica é interpretada no sentido de mostrar que a
obediência a Deus só se concretiza nos fatos, não simplesmente nas palavras. Ao
seu tempo, o profeta Ezequiel afirmava que o justo e o pecador apenas seriam
julgados, no final, por suas obras.
Nesse sentido, se o filho arrependido é figura dos pecadores e
publicanos, com os quais Jesus convive e aos quais oferece a salvação, seu irmão,
que diz sim e não vai, representa todos os que dizem conhecer Deus e serem
fiéis observantes de seus mandamentos, mas não se dispõem a acolher e a viver
as palavras e os ensinamentos de Jesus. O retorno à obediência assinala a
atitude pessoal de arrependimento do segundo filho e o correspondente gesto
benevolente de Deus, sempre pronto a acolher aquele que se dispõe a trabalhar
na vinha.
E
Jesus ainda falou... Sua voz surpreende os chefes do povo e os doutores da Lei.
A mesma voz, que tudo criou e renovou, lhes dizia: “Os publicanos e as
prostitutas vos precedem no Reino de Deus”. Jesus respeita a liberdade dos
pecadores e, antes de tudo, quer que se convertam, não contando as vezes para
perdoar e amar. “Se falar de Deus, dizia S. Gregório de Nazianzo, é uma grande
coisa, melhor é ser purificado por Ele”. Perpassando a linha divisória do
pecado, que pretendia isolar as criaturas do seu Criador, Jesus proclama que ninguém
precisa deplorar seus pecados, porque o perdão supera o mal; ninguém terá de
temer a morte, porque sua morte será fonte de liberdade e de paz; ninguém deve
se desesperar, porque a boa-nova do Evangelho é oferta universal da
misericórdia divina, vivida no amor e no serviço a todos.
†Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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