Reflexão do Evangelho – Domingo, 24 de setembro
Mt
20, 1-16 - Parábola dos trabalhadores da vinha
Logo no
início da parábola, Jesus compara o Reino dos Céus a uma vinha, cujo dono, ao
final do dia, paga os trabalhadores não, simplesmente, de acordo com os
resultados obtidos, mas conforme a sua generosidade: Ele é incrivelmente
magnânimo. Os trabalhadores, segundo a alegoria do profeta Isaías, representam
o povo de Israel, povo por Ele escolhido, multiplicado, transferido para a
Terra Prometida e por Ele protegido. Em Jesus, este mesmo povo é alargado a uma
dimensão universal, reunindo todos os que o acolhem e aderem à sua mensagem, na
qual Ele proclama, para além da observância dos inúmeros preceitos jurídicos e
morais, que chegavam a ofuscar a luz da revelação bíblica, a herança espiritual
autêntica de Moisés, proclamada pelos profetas: o amor a Deus na solidariedade
e na dedicação misericordiosa ao próximo.
Ao final do dia, o vinhateiro chama seu
administrador para que pague aos trabalhadores, dando a cada um a mesma importância.
O fato de começar pelos últimos, contratados quase no final do dia, e terminar
com os primeiros reflete seu olhar compreensivo e bondoso, pois o salário
correspondia ao alimento necessário à mesa familiar. Por outro lado, examinando
o relato sob o ângulo da justiça, torna-se compreensível a reação de
descontentamento dos que chegaram à primeira hora e trabalharam mais do que os
outros, suportando o calor do dia. Sentem-se lesados e injustiçados. A um
deles, o proprietário, com um tom de voz suave e tranquilo, responde: “Amigo,
não fui injusto contigo. Não combinaste um denário? Toma o que é teu e vai. Eu
quero dar a este último o mesmo que a ti. Não tenho o direito de fazer o que eu
quero com o que é meu? Ou o teu olho é mau porque eu sou bom? ”.
Evidentemente,
trata-se aqui da salvação que Deus oferece a toda humanidade, ao longo dos
múltiplos períodos da história, simbolicamente, representados pelo fato de o
vinhateiro sair em diferentes horas do dia para contratar operários. Observa S.
Cirilo de Alexandria: “A todos é dada a mesma importância, a comunhão eterna
com Deus”. Realizam-se, assim, as palavras dos profetas, Isaías 3,14-15 e
Miqueias 4,1-8, que apregoavam uma justa e nova redistribuição de todas as
posses, feita pelo próprio Deus. Certamente, como ensinam os textos, o intuito
de Jesus não é estabelecer uma equivalência rigorosa entre a observância da Lei
e a retribuição divina, mas incutir um modo novo de se relacionar com Deus, fundamentado
no amor e não, simplesmente, no mérito do cumprimento da Lei. Na generosidade
do Espírito, todos os que assim vivem terão o mesmo salário: a salvação, fruto
do amor do Pai, “Oceano de Caridade”.
†Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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