Reflexão do Evangelho – Domingo, 26 de novembro




Lc 23,35-43 - Cristo Rei do Universo


      Maria, em silêncio, fazia suas orações, quando o anjo Gabriel a surpreende, saudando-a: “Ave, cheia de graça” (ke-karitwméne). Denominada pela antiga liturgia como a Mãe do Belo amor, Maria viveu sempre, e vive agora, a presença criadora de Deus, que lhe fala ao espírito e a torna inseparável da pessoa e da obra do seu Filho Jesus.
      Passados os anos em Nazaré, e após três anos de vida pública, Jesus foi levado a Anás, que fora por longo tempo sumo-sacerdote e não desfrutava de boa reputação, e ao seu sucessor Caifás, que lhe pergunta se Ele é o Cristo, o Filho do “Deus bendito”. Sua resposta é clara e direta: “Eu o sou, e um dia vereis o Filho do homem sentado à direita do poder e vir sobre as nuvens do céu”. Ao ouvir essas palavras, Caifás exclama: “Blasfemou! Que necessidade nós temos de outras testemunhas? ”. Anás e Caifás não podiam perder aquele momento em que tinham Jesus em suas mãos. Mas eles estavam sob o domínio dos romanos e para levá-lo à morte era necessário entregá-lo ao tribunal de Pôncio Pilatos.  
Podemos imaginar um Pilatos há dias envolvido na manutenção da ordem da cidade, naquela movimentada semana da Páscoa judaica. Ele o interroga não sobre o fato de ser o Cristo ou o Filho de Deus, mas pelo fato de se declarar rei dos judeus, no dizer de seus acusadores. Bastou-lhe um olhar para compreender que não se tratava de um criminoso comum. Aquela presença o intrigava mais e mais, e a sua réplica o deixa ainda mais surpreso: “Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus soldados teriam combatido para eu não ser entregue aos judeus. Mas, meu reino não é daqui”.
Preocupado, sem compreender bem as palavras de Jesus, o Procurador romano, de modo mais incisivo, lhe pergunta: “És o rei dos judeus? ”. Colocando-se de igual para igual, sem deixar de ressaltar o sentido de sua missão, Jesus declara: “Tu o dizes: eu sou rei. Para isto nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade ouve a minha voz”. Ele é rei a modo do amor de Deus.    
Jesus fala de uma escolha pessoal e livre, para que, em seu agir e falar, o ser humano esteja sempre em busca de algo que há de vir, ultrapassando-se continuamente. Assim, ele se orienta para o que lhe superior, diferente e maior, e experimenta, ao longo do caminhar, a misericórdia de Deus, que o ilumina e o sustenta em sua dignidade e integridade moral.
Ao dizer a Pilatos que quem é da verdade o ouve, Jesus afirma a razão última de seu vir a este mundo: seu encontro com todos os seres humanos, em sua realidade exterior e em toda a sua força interior, para conceder-lhes um olhar que se estende para além de si mesmos. Porque quanto mais humano eles se tornam, mais eles se identificam ao Senhor e são arrolados entre “os benditos do meu Pai”. Portanto, Jesus entrou na história, veio ao nosso encontro, para que nos tornemos sempre mais humanos e dignos de Deus. Nesse sentido, Ele é o nosso Rei!



Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexão do Evangelho de Lc 9, 51-56 - Jesus não é acolhido pelos samaritanos - Terça-feira 30 de Setembro

Reflexão do Evangelho de Lc 11, 5-13 – A oração perseverante (amigo importuno) - Quinta-feira 09 de Outubro

Reflexão do Evangelho de Jo 7,37-39 - Promessa da água viva - Sábado 07 de Junho