Reflexão do Evangelho – Domingo, 12 de novembro




Mt 25, 1-13 - Parábola das dez virgens

     
      Inaugurando o Reino de Deus, Jesus anuncia a salvação e revela o dom que recebemos do Pai: sermos seus filhos e filhas queridos. Porém, pecamos, fechamo-nos a Ele, afastamo-nos do seu amor, e somos envolvidos pelos impulsos da violência que dramatizam a nossa vida. Para Jesus, todos são dignos de atenção e misericórdia; vendo o arrependimento, a fé e o íntimo fervor dos que dele se aproximam, lhes diz: “Ide e doravante não pequeis mais”. De seus lábios brota uma doçura incomparável; todos se sentem consolados de suas tribulações, fraquezas e aflições, e reconhecem que Ele os conforta e os fortalece com a sua graça.  O alegre anúncio de Cristo é anúncio de salvação, comunicada aos que o acolhem e procuram Deus por causa de Deus.
 Mas como chegar à salvação? Como se tornar justo? Normalmente, reportamo-nos à morte e ao que vem depois dela; contudo o pensamento bíblico fala de uma experiência da salvação, acessível a nós já aqui na terra, graças ao perdão misericordioso de Jesus. Suas palavras ungidas e seus gestos misericordiosos revelam que a esperança, eco profético de sua pregação, se consolida no modo como alguém vive todas as coisas da terra, oferecendo alívio aos doentes, derramando sua caridade sobre a miséria dos desprotegidos, e estendendo o perdão a quem pecou.     
Com grande frequência, Jesus falava do “reinado de Deus”, utilizando parábolas, como a parábola das dez virgens, cinco insensatas e cinco prudentes, personagens que representam eloquentemente toda a humanidade, convidada a participar de uma festa de núpcias. A chamada é total, perfeita, harmoniosa. Desde já, o Reino opera misericordiosamente, “ele está chegando e está no meio de nós”, ninguém está excluído, importa sim trazer uma lâmpada acesa, “sinal das boas obras realizadas com coração puro”, no dizer de S. Agostinho. Na alegria do reencontro, com a lâmpada acesa, entramos na área do “mistério”, em que Deus acolhe os que conservam a “sobriedade” (népsis) e “a integridade interior”, e alijam do coração o pecado e a dispersão espiritual.
Bem. Com a vinda de Jesus, afasta-se de nós o antirreino, sinal e presença da maldade, da exclusão, do ódio e da morte, e implanta-se no mundo um futuro de justiça, de paz e de comunhão fraterna; aí começa a se realizar o Reino de Deus. Mas nada de perder tempo! Ao contar a parábola, Jesus deixa claro que nos cabe, vigilantes, não deixar que as lâmpadas se apaguem, para não ocorrer o que escreve S. Gregório de Nissa: “Ter a luz da virtude apagada em nossas almas, e a lâmpada do Espírito ofuscada em nosso pensamento; caso assim fosse, não estaríamos preparados, como as virgens insensatas, para receber o Esposo”. O irreparável seria a falta de azeite, ou seja, a ausência do Espírito, que nos santifica e nos permite trilhar o caminho da perfeição.



†Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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