Reflexão do Evangelho – Domingo, 03 de dezembro
Mc 13,33-37 -
Vigiar para não ser surpreendido
Nas
próximas quatro semanas, tempo do Advento, estaremos nos preparando para
celebrar a Vida que se manifestou aos homens e que urge ser anunciada a todos. A
“sombra” do Altíssimo, muitas vezes nomeada na Bíblia, alude ao poder do
Espírito Santo, que assumiu o misterioso nascimento para a Vida, manifestada em
Jesus, Salvador, o Filho de Maria de Nazaré.
No
tempo do Natal, estamos colocados ou recolocados no limiar de um mundo novo, estabelecido
pelo Pai celestial, não pronto e acabado, mas ligado, no dizer de S. Gregório
de Nissa, “à dinâmica do homem e de toda a criação”, em sua ascensão para Deus.
Daí as respostas enigmáticas sobre o dia de sua vinda, interpretadas por S. João
Crisóstomo como um apelo, para que “cada pessoa sempre o espere e sempre se
empenhe no serviço aos pobres e desvalidos”.
Quem
dera tivéssemos a empolgação do Apóstolo João, a prontidão ardorosa de Pedro, para
estarmos interconectados uns com os outros e solidários a todas as pessoas. Desde
já, participamos da Vida como filhos e filhas amados do Pai, e assumimos uma
nova prática de convivência, marcada pelo amor a Deus e demonstrada pela
ternura para com o próximo.
Porém,
tudo depende da decisão de cada um. Ou se participa pessoalmente do “pecado do
mundo”, ou se procura viver a virtude, que visa à união com Deus, expressa na
comunhão com a totalidade dos seres criados: concretiza-se a fraternidade
humana e universal. Assim aconteceu, e foi o mistério da encarnação e da
ressurreição, que efetivaram as irrupções da ação divina na história, principalmente,
os acontecimentos interiores, que envolvem e plenificam misteriosamente a
natureza humana.
Se
de acordo com o antigo lema: a graça pressupõe a natureza, agora, com a vinda
de Cristo, reconhece-se que a natureza, por sua vez, pressupõe a graça, pois só
através dela o ser humano alcança sua realização integral e autêntica. Por
conseguinte, o advento do Reino de Deus, por ocasião da vinda de Cristo, é a
transfiguração final de toda a criação: nosso corpo, revestido de imortalidade,
confessa S. Gregório de Nissa, “tornou-se semelhante ao corpo de Cristo
ressuscitado” ou, nas palavras de S. Agostinho, “nossa alma está unida
diretamente ao Senhor, sem que nada se interponha entre ela e Deus”. Ou, com S.
Clemente de Alexandria, com a vinda do Senhor o tempo se uniu à eternidade, e sua
ação libertadora baniu o temor de nosso coração, e “Ele será salvação para toda
a humanidade”.
†Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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