Reflexão do Evangelho – Domingo,10 de dezembro
Mc
1,1- 8 – João Batista, o pregoeiro
Conquistada pelos romanos, reinava uma
relativa paz por aquela região do mediterrâneo, a Palestina, país de Israel,
uma nesga de terra, onde as palmeiras, as figueiras cresciam ao lado de
salgueiros e pequenos bosques. Não distante do deserto, usando “uma roupa de
pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins”, João se
autodenominava arauto da boa nova da salvação, prestes a acontecer. Levava a
vida de asceta e, fiel aos seus votos de nazareno, não bebia vinho e não
cortava os cabelos, alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre. Qual
pregoeiro, com o poder magnético do diferente, dizia ser a voz de alguém que
grita no deserto, anunciando o “batismo de conversão para remissão dos
pecados”.
Eis
os albores da paz, da alegria espiritual, frutos do perdão e da remissão dos
pecados, que seriam concedidos pelo Messias. S. Hilário de Poitiers mostra que
a atitude de João Batista tinha algo de provocativo e instigador, razão de sua
tal qual ansiedade em proclamar, testemunhar a todos a vinda do Cristo
Salvador. Nos horizontes já se delineava o vulto humano do Filho Unigênito e ouvia-se
o eco da voz do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Os dias de sua
vinda tinham-se finalmente completado.
João Batista, o último dos profetas do
Antigo Testamento, permanecia às margens do rio Jordão, firme e imóvel, como
sugere o verbo latino “stare”, pois
sua função não era a de ir à procura de Jesus e segui-lo, mas era a de ser seu
precursor e dar testemunho dele. Nas palavras do profeta Isaías, a manifestação
de Deus seria precedida pela passagem de um cortejo processional ou triunfal,
que transformaria o deserto em largos vales verdejantes. À frente, em altas
vozes, anunciando o novo Êxodo, estaria um profeta, que o povo dizia ser João
Batista.
A
curiosidade era grande. De todas as partes acorriam pessoas desejosas de
ouvi-lo; de Jerusalém foram enviados “sacerdotes e levitas para interrogá-lo”
sobre sua identidade. Todos demonstravam respeito, admiração, alguns julgavam
que ele fosse o profeta Elias, que teria descido outra vez para preparar a
chegada do Libertador. À mente dos ouvintes sobrevinham algumas interrogações: para
onde somos conduzidos? Como saber quem é o Messias? O mesmo Espírito que
inspirava e guiava João, o mesmo Espírito que os tinha atraído até ele, certamente,
lhes permitiria reconhecer a voz daquele de quem ele dizia não ser digno nem
mesmo de desatar a correia de sua sandália.
†Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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