Reflexão do Evangelho – Domingo, 17 de dezembro
Jo
1,6-8.19-28 - Testemunho de João Batista
Às margens do rio Jordão, destaca-se a austera
figura de S. João Batista, que não deixava o deserto nem mesmo para ir à
procura do Messias para ouvi-lo ou segui-lo. As pessoas vinham a ele, provenientes
das cidades e aldeias vizinhas, movidas por uma torrente de sentimentos de toda
sorte, as dúvidas, as angústias, em busca de paz e de consolo espiritual. Profundamente
impressionadas com as palavras do profeta, após serem batizadas, elas voltavam
para casa animadas pela esperança de terem encontrado um mensageiro, que lhes tinha
revelado a Palavra de Deus, força divina de reparação e de reconciliação. João
realiza sua missão: oferece a todos o batismo de arrependimento e de penitência,
caminho preparatório para a plena efusão do Espírito Santificador a ser
concedido pelo Messias.
Para
valorizar ao máximo essa sua função de precursor e de testemunha, o Apóstolo e
Evangelista S. João jamais emprega, para caracterizá-lo, o termo “Batista”. Um
belo exemplo encontra-se, justamente, nesta passagem, na qual ele relata o fato
de os judeus terem enviado de Jerusalém sacerdotes e levitas para o interrogarem.
Eles simplesmente perguntam: “Quem és tu? ”. Conhecendo as intenções dos que o
interrogavam, sem titubear, ele testemunha: “Eu não sou o Cristo”, título que designa
o Messias, o “ungido”, o enviado escatológico, o novo Davi, esperado por todo o
povo como aquele que viria para libertá-lo do jugo estrangeiro e, portanto, restabelecer
o reino de Israel. Humilde, João não deseja ser considerado mais do que
realmente ele é.
Porém, a curiosidade, não só dos judeus de
Jerusalém, mas de todo o povo, é grande. Sequiosos, eles esperam ouvir de seus
próprios lábios, se ele é ou não o Messias. Os mensageiros voltam a lhe fazer a
mesma pergunta. Ele, olhos fixos neles, em alto e bom som, declara novamente não
ser o Messias, aquele que daria início ao “Tempo Final”, e repete, mais uma
vez, ser simplesmente a voz daquele que veio preparar os corações para a vinda
do Messias. Talvez eles continuem indecisos a modo de Nicodemos, mas vale a
pena lembrar sua insistência em descrever a finalidade de sua missão: “Batizar
com água” para a penitência, “banho necessário, diz S. Agostinho, para tirar a
areia dos olhos” e torná-los sensíveis à beleza do mundo, ao sofrimento e à
angústia dos seus semelhantes. E, mais adiante, em vista da hesitação de
alguns, João Batista acrescenta: “No meio de vós, está alguém, que vem depois
de mim, não reconhecido por vós e do qual não sou digno de desatar a correia da
sandália”.
Afastam-se,
então, as densas nuvens da incerteza e da dúvida e já despontam no horizonte os
albores da paz e da alegria espiritual, frutos do perdão e da remissão dos
pecados. O Rei messiânico, o Cordeiro, que ia oferecer o Sangue, a Vida para a
salvação de todos, lavando-os dos pecados e convocando-os a viver o que era
apregoado pela Lei, se aproximava para orientá-los para o bem e para a busca da
verdade e da paz. Eis o anúncio da “vinda do profeta” da salvação, presença
incondicional do perdão e da misericórdia de Deus; eis o anúncio do Messias, irrupção
de Deus no mundo dos homens, para que compreendam que a salvação se efetiva
numa forma de vida que os torne sempre mais humanos e, por conseguinte, dignos
de Deus.
†Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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