Reflexão do Evangelho - Domingo, 21 de janeiro
Mc 1, 14-20 – Jesus na Galileia
A
incerteza da vinda do Messias levava os que tinham uma meta de paz e de justiça
a se afastarem de seus sonhos e a se deixarem capturar pelo que tinham renunciado.
As palavras de João Batista lhes deixavam ainda mais hesitantes, vale citar o
fato de ele apontar seus erros e desmandos, de um modo que lhes parecia agressivo
e desrespeitoso. Por isso, se alguns o tinham como Líder de uma nova era,
outros o criticavam duramente. Fiel à sua missão, João os exortava a esperar pelo
Messias, e, sem esmorecer, com uma voz vibrante e profética, proclamava: “Quem
tiver duas túnicas, reparta com quem não tem. E, quem tiver alimento, faça-o da
mesma maneira”. De par com os ataques dos que se sentiam incomodados, crescia a
impaciência dos que esperavam a chegada do Messias. Nada, porém, o abalava.
Permanecendo no horizonte da liberdade, João rejeitava tudo o que prejudicasse
e atravancasse o caminho para a novidade do seguimento do Senhor.
Incompreendido pelas pessoas que não
eram capazes de se interiorizarem e de se autocriticarem, ele foi entregue aos
verdugos para ser martirizado; o mesmo iria acontecer com Jesus. O Evangelista,
para narrar estes acontecimentos, emprega o verbo na voz passiva, deixando
Herodes ou o Sinédrio à sombra, com o intuito de ressaltar que se estava
efetivando, principalmente no tocante a Jesus, o “mistério” insondável dos
desígnios divinos, e que o verdadeiro autor desses atos de violência seria “o
pecado do mundo”. Em Jesus, esses atos, acolhidos numa atmosfera de gratuidade,
de perdão e de misericórdia, transformaram-se em atos de salvação e de comunhão
dos homens com Deus e dos homens entre si.
Desde o início, Jesus está disposto a doar
sua vida para levar a humanidade a uma “nova” comunhão com o Pai, na qual ela participaria
da imortalidade e da filiação divina. Eis o milagre muito maior e mais profundo
do que as curas e as expulsões de demônio: a permanente presença salvadora de
Deus naquele que crê no Reino de Deus, Reino de justiça e de paz, Reino que há
de vir, e que já “resplandece entre nós, no Evangelho de Cristo” (Rupert de
Deutz (de Mt III, PL 168.1380).
Logo a seguir, no início de sua missão, em
poucas palavras, Jesus indica a condição necessária para participar dessa
comunhão com o Pai: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. O apelo à conversão
para todas as pessoas perpassa a pregação de Jesus, arauto do Evangelho; quem o
ouve encontrará vida e a salvação que vem de Deus. Assim, pela conversão, nós
nos tornamos discípulos de Jesus, o que não significa que nossas ações, em prol
de uma sociedade mais justa, verdadeira e solidária, possam substituir a fé;
tais ações são expressões da fé, que implica uma forma de vida que torna o
homem sempre mais humano, ciente da verdade sobre si mesmo e digno de Deus.
†Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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