Reflexão do Evangelho – Domingo, 28 de janeiro
Reflexão
do Evangelho – Domingo, 28 de janeiro
Mc
1,21-28 - Jesus em Cafarnaum e a cura de um endemoninhado
Em
sua peregrinação, Jesus e os Apóstolos iam a Cafarnaum, mais do que a outras
cidades. Ao contrário de João Batista, Jesus mantinha contato com as pessoas,
indo de cidade em cidade, e quando estava em Cafarnaum, permanecia na casa de
Simão Pedro ou de André, seu irmão. No sábado, eles iam à sinagoga, lugar de
encontro da comunidade, para as orações e as leituras dos textos bíblicos. Por
ocasião da instrução, a fim de transmitir à assembleia uma palavra de esperança
e de consolo, o chefe da sinagoga convidava, conforme costume antigo, um dos
membros visitantes para administrá-la.
Assim,
Jesus teve a oportunidade de realizar em Cafarnaum suas primeiras curas, como
também de falar muitas vezes à comunidade. Com uma peculiaridade: suas palavras
de poder e de sabedoria iam ao coração dos ouvintes. Mestre qualificado, Homem
do recolhimento interior, Ele se dirigia às pessoas, uma por uma, comunicava-se
com elas, indicava orientações para seu agir, e as exortava com firmeza e
lucidez, sem fanatismo e tons patéticos.
Cafarnaum
tornou-se, deveras, um campo (Caphar) de consolação (Naum) para seus
habitantes, que “se extasiavam com os seus ensinamentos, porque Ele ensinava
com autoridade e não como os escribas” (v.22). O modo franco e transparente de
falar, a liberdade com que interpretava a Lei e os profetas, criava ao seu
redor uma atmosfera de confiança, de alegria e de admiração. Realmente, as
palavras de Jesus atingiam o mais fundo do ser, pois Ele expunha seus
ensinamentos não a partir das opiniões dos rabinos ou doutores da Lei, mas com
autoridade própria (ecsousia). Segundo
S. Jerônimo: “Ele ensinava como Senhor, não se apoiando em outra autoridade
superior, mas a partir de si mesmo”.
Por
ocasião de uma dessas passagens por Cafarnaum, Ele curou um endemoninhado, que
gritava: “Que queres conosco, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei
quem tu és: o Santo de Deus”. O embate com o Mal é descrito pelo Evangelista
como uma luta pela preservação da liberdade interior, dom concedido por Deus ao
homem, “que pode, no dizer de Orígenes, conduzi-lo ao cume do bem ou
precipitá-lo no abismo do mal”. Esta luta situa-se no interior do homem,
abrangendo seus desejos e ações, seu corpo e espírito. A vitória sobre o mal
foi conseguida por Jesus, alcançou-nos do Pai melhores dons, pois “onde abundou
o pecado, a graça superabundou” (Rm 5,20).
Testemunhas
da cura do endemoninhado, os membros da sinagoga exclamaram: “Um novo
ensinamento com autoridade! Até mesmo aos espíritos impuros dá ordens, e eles
lhe obedecem! ”. Os milagres e a expulsão de demônios, embora não essenciais, colaboravam
para reforçar a mensagem de que Deus não abandonou o homem, mas assumiu, no
Filho Jesus, nossa história e nossa vida, fez-se presente entre nós. Daí o
imperativo proposto por Ele aos discípulos, desejosos de alcançar a paz e a
felicidade: ter o coração aberto a um Deus de bondade, fiel à Aliança
estabelecida com Israel. Deus lá está, sempre de novo, inesgotável, em seu amor
misericordioso.
†Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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