Reflexão do Evangelho – Domingo, 15 de julho
Reflexão
do Evangelho – Domingo, 15 de julho
Mc
6,7-13 – Missão dos Doze e recomendações do Senhor
Pouco
antes de enviar os Apóstolos em missão para proclamar o Evangelho
do Reino, vendo a multidão “cansada e abatida como ovelhas sem
pastor”, Jesus lhes diz: “Levantai o olhar e vede os campos de
trigo, como já estão dourados e prontos para a colheita... A messe
é grande e os operários são poucos”.
A
partir de então, quais peregrinos errantes, os Apóstolos levarão a
todos uma mensagem de esperança e de reconciliação. Formarão,
mais do que uma simples coletividade, um corpo único, a Igreja, na
qual as pessoas não são diluídas; ao contrário, realizam-se em
sua verdadeira diversidade. Pouco a pouco, de ouvintes atentos, eles
se tornam “pescadores de homens”, conscientes de que ir além dos
poderes confiados pelo Mestre ou deturpá-los seria abuso de
confiança, ou traição.
Para
exercer esta missão de cura espiritual e física, o Mestre lhes dá
instruções pormenorizadas: “Que não levem nada para o caminho:
nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto, apenas um cajado”.
Ele os quer livres e disponíveis, sem se deixarem perturbar
excessivamente com as contingências exteriores, pois a quem Deus
ajuda não há mal que o possa atingir. S. Agostinho lê nessas
palavras, o desejo de que eles “caminhem não na duplicidade, mas
sim na simplicidade”, não sendo, no dizer de S. Clemente de Roma,
“jamais duplos de espírito (mè dipsychômen)” ( Carta
aos Coríntios II,4).
Com
alma reta, não dividida, os Apóstolos foram de cidade em cidade,
movidos não por ilusões, pois se muitos os recebiam com alegria,
outros, não menos numerosos, mostravam-se adversários e os
criticavam. Mas se alguém os acolhesse em sua casa, aí deviam
permanecer, recebendo teto e pão, pois “o operário tem direito a
seu sustento”; importante, porém, era perseverar na fé e, qual
“pobre de Deus” (anawim), testemunhar, na simplicidade, a
bondade e a misericórdia daquele que lhes “ordena dar
gratuitamente o que gratuitamente tinham recebido”.
Na
viagem pelo mundo, os Apóstolos irão anunciar o Evangelho do amor e
da misericórdia, para que todo ser humano, livre do egoísmo, que o
aprisiona em sua própria individualidade e o separa dos demais
indivíduos, gerando uma natureza fragmentada, seja testemunha da
paz, que tem sua fonte na comunhão pessoal com Deus.
Belíssima
é a experiência de S. Agostinho. Diz ele: “Tarde te amei, oh
Beleza tão antiga e tão nova; tarde te amei! Estava dentro de mim e
eu estava fora; estava comigo e eu não estava contigo; Tu me tocaste
e eu queimo de desejo de tua paz. Meu coração inquieto (cor
inquietum) não descansa enquanto não repousar em Ti”
(Confissões, livro X, n.27).
+Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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