Reflexão do Evangelho - Domingo, 30 de setembro
Reflexão
do Evangelho
Domingo,
30 de setembro
Mc
9, 38-43, 45-48 - O uso do nome de Jesus e o escândalo a ser evitado
Na
Bíblia, dar nome a uma pessoa significa ter poder sobre ela. Assim,
no relato da criação, que compreende a sucessão dos atos divinos,
ao longo da história, e não apenas as primeiras obras da criação,
Deus, ao designar os astros por seu nome e encarregar Adão de dar
nome a cada um dos animais, revela-se supremamente pessoal e
todo-poderoso, jamais confundido ou identificado com as suas
criaturas.
Na
criação do homem à imagem de Deus, exprime-se, não a conformação
de Deus ao homem, mas a intangível dignidade do ser humano, cujo
nome não cabe em palavras; nenhuma proposição pode resumi-lo.
Conduzido pela mão amorosa de Deus, ele é investido como mestre,
corresponsável pela obra criadora, sinal do seu senhorio em relação
a todas as criaturas.
Presença
pessoal de Deus! Porém, Ele continua sendo sempre o Desconhecido.
Seu nome escapa a toda apreensão, especulativamente, adquirida.
Mesmo lá, no Monte Sinai, onde Ele se dá um nome próprio,
irredutível: “Eu sou Aquele que sou”, mais do que uma definição,
Ele faz ecoar, no centro de nossa existência, um forte apelo;
convite a um comportamento justo em relação a Ele. Assim, não
conhecê-lo, não significa, simplesmente, falta de conhecimento; é
fechar-se a Ele, é recusar ouvir a Sua vontade. A Ele eu digo “Tu”,
e Ele se revela: Caminho, Verdade, Sabedoria! Seu nome é sempre
sublime, inefável, incognoscível!
Ora,
Seu nome é o mesmo que foi dado Àquele que nasceu de Maria, Jesus.
Também não é menor o respeito, a reverência dos primeiros
cristãos ao pronunciá-lo; é um verdadeiro ato de fé, que os leva
a designar o Batismo como o sacramento conferido em nome do Senhor
Jesus (At 8,16; 19,5). Daí o espanto dos discípulos ao verem um
estranho, que não era discípulo do Mestre, expulsando demônios em
seu nome: “Seria possível alguém, não ligado a eles,
assenhorear-se do ministério ou da ação salvadora de Jesus?”.
A
resposta do Mestre os surpreende: “Quem não é contra nós é a
nosso favor”. Sua ação salvadora, cujo objetivo é transformar os
pecadores em novas criaturas, se situa para além da missão dos
Apóstolos, ultrapassa os limites da história bíblica e se estende
à história inteira, em toda a sua extensão. Se os escribas e
fariseus mostram-se intransigentes, suas palavras refletem uma
atitude bem mais tolerante e global.
Sua
ação santificadora não tem fronteiras! Os discípulos O
compreendem. E já no século IIº, S. Clemente de Roma dirá que a
História da Salvação, regida pelas leis da doçura, da paz e da
humildade, abarca não só os judeus e cristãos, mas, também, todos
os povos pagãos. Por sua vez, S. Agostinho exclama: “Como existe
na Católica o que não é católico, assim também pode haver algo
católico, fora da Católica”.
O
que Jesus abomina é que seus discípulos sejam causa de escândalo.
Perante o valor inestimável de cada pessoa, seus discípulos jamais
poderão ser ocasião de queda no erro, de quem quer que seja. Por
isso, com voz áspera e severa, Ele os exorta: “Seria melhor, para
quem é causa de escândalo, atar no pescoço uma grande pedra de
moinho e lançar-se ao mar”. Mas, aos que vivem a aliança eterna
de comunhão com Deus e com seus semelhantes, não lhes faltarão Sua
luz e Sua graça.
+Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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