Reflexão do Evangelho - Celebração do Tríduo Pascal 2019
Reflexão
do Evangelho
Celebração
do Tríduo Pascal – 2.019
Não longe de Jerusalém, no Monte das
Oliveiras, Jesus está em oração. Começou a escurecer. Tudo estava tranquilo. De
repente, subindo a encosta, os rumores dos que irão prendê-lo. Prostrado por
terra, em oração, Ele ouve os soldados, que se aproximam. Seus passos ecoam em
seus ouvidos... O suor são gotas espessas de sangue, que escorrem e embebem
seus cabelos... De seus lábios brota um murmúrio, uma súplica: “Abba, Pai, se
possível afaste de mim este cálice”. Eis que chegou a hora... O coração se
acelera... “Pai, que se faça a tua vontade e não a minha”.
No dia seguinte, a passos lentos, Ele
caminha em direção ao Gólgota. Em seus ombros, o braço horizontal da cruz.
Lá
no alto, os golpes do martelo soam aos ouvidos dos Apóstolos... e, qual lâmina
afiada, penetram o coração da Mãe, Maria. Ele, rejeitado, crucificado, Palavra
do Pai encarnada, no âmago do seu adeus, volta seu olhar, doce e sereno, para
os algozes e, na ternura do seu amor, surpreende a todos: “Pai, perdoa-lhes
porque não sabem o que fazem! ”.
Ao
pé da cruz, sinal concentrado de horror e de opressão, apenas Maria, João e
outras mulheres, testemunham o supremo aniquilamento.
Sob
os braços da cruz, o ar carregado dos zombadores, a cegueira dos que O injuriam
e caçoam: “Como pode um crucificado ser nosso rei? ”. Dos lábios do Mestre, em
si cerrados pela dor e prostração, palavras de misericórdia e de perdão: “Ainda
hoje estarás comigo no paraíso”.
Somente
Deus feito Homem seria capaz de falar assim! Gesto profético de amor, razão de
sua condenação e, no pior dos sofrimentos, de sua morte.
Após
três dias, ressuscitado, Ele aparece a Maria Madalena, que, encantada e
consolada, vai aos Apóstolos, Pedro e João, que, céleres, se dirigem ao túmulo
e encontram “os panos de linho por terra e o sudário que cobrira a cabeça de
Jesus”. Valioso pressuposto para a fé na ressurreição.
Com as inúmeras aparições do
Ressuscitado, afastam-se as dúvidas remanescentes, mesmo aquela do Apóstolo
Tomé, a quem Jesus ordena que toque as chagas de suas mãos e de seu peito. Na
viva profundidade do coração dos Apóstolos, brilha a luminosa beleza espiritual
de Cristo, modelo de toda virtude, vértice de nossa realização.
Se a ressurreição de Lázaro, simples retomada da vida
terrena, maravilhou a todos, Sua ressurreição, manifestação mais elevada de
existência, vida eterna como Filho de Deus, para S. Gregório de Nissa, “é a
sinfonia escatológica de todas as criaturas”. O Ressuscitado venceu! Em sua
luz, afastaram-se, definitivamente, as trevas, inaugurando “o novo céu e a nova
terra” (Ap 21,1), desfecho da história, coroamento da criação.
Jesus ressuscitado é o verdadeiro Ser, supremamente
Bom por natureza! E porque é o Bem sem limite, sem limite é a nossa ascensão
para Ele!
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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