Reflexão do Evangelho - Domingo, 07 de abril
Reflexão
do Evangelho
Domingo,
07 de abril
Jo
8, 1-11 - Vai e não peques mais!
Impressionante! Ouvindo-o falar de Deus,
supremamente pessoal, único e comum a todo o povo de Israel, os ouvintes de
Jesus se sentem constrangidos, quando Ele passa a descrever Deus como um Pai
misericordioso, que, no seu amor, enviou seu Filho para libertar os homens de
suas imperfeições e torná-los participantes da vida divina.
Para
os escribas e fariseus era uma overdose espiritual. Pois tais palavras não
faziam parte do seu mundo religioso: “Como era possível que um homem, nascido
de uma mulher, Maria, fosse Filho de Deus, e pudesse introduzir-nos na comunhão
divina? ”.
Mas
havia ainda algo que os surpreendia, sobremaneira: o modo livre de se dirigir a
Deus, com uma intimidade jamais imaginada. Manifestava-se como um ser humano,
totalmente imanente, que vivia, respirava, emocionava-se, mas suas atitudes e
palavras, se de um lado pareciam arrebatadoras, de outro lado soavam paradoxais
e, extremamente difíceis de serem admitidas, pois sugeriam ser Ele absolutamente
transcendente.
Ah, pensavam eles, eis uma prova concreta,
irrefutável: uma mulher pecadora, que, segundo suas normas e prescrições, deveria
ser apedrejada. Como Ele reagiria? Como se colocaria diante da exclusão, do
ódio, do pecado? Querem prová-lo, sobretudo, procuram encontrar motivos para
acusá-lo e levá-lo à morte. Com certa malícia e, por que não, com certa
audácia, perguntam-lhe: “Que dizes tu? ”. Jesus, absorvido por outros
pensamentos, não responde, imediatamente. Permanece calado. Silêncio
constrangedor... É a fala espiritual dos que vivem perto de Deus...
Após
alguns minutos, numa atitude gentil e respeitosa, Jesus, para não olhar a
mulher em sua vergonha, começa a escrever na terra com o dedo. Impacientes e embaraçados, seus adversários
persistiam em interrogá-lo. Então, erguendo os olhos, Ele os deixa perplexos,
ao dizer: “Quem dentre vós que não tem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma
pedra”.
E,
inclinando-se de novo, volta a escrever na areia. Na medida em que liam o que
Ele escrevia, eles, começando pelos mais velhos, como que colocados diante do
secreto tribunal de suas consciências, vão se retirando.
“Ficaram
só Jesus e a mulher de pé, no centro”. Sem desprezá-la, com afeto e
complacência, o Mestre lhe pergunta: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te
condenou? ”. Cena comovedora, não mais a voz intransigente, acusadora e severa
dos doutores da Lei, mas uma voz, cheia de compreensão e de doçura,
confortando-a: “Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais”.
Diz S. Agostinho: “O pecado é rejeitado, mas não
a pecadora arrependida, que é convidada a voltar-se para Deus, garantia de vida
eterna”. A alegria daquela mulher não passa despercebida.
Essas
mesmas palavras soam em nosso coração: o sopro misericordioso do amor de Jesus apaga
os nossos pecados, escritos na areia, e, graças ao Espírito Santo, purificados,
participamos, desde já, das belezas da vida divina.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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