Reflexão do Evangelho - Domingo, 28 de junlho


Reflexão do Evangelho
Domingo, 28 de julho
Lc 11,1-13 - A oração do Pai-Nosso


        A Bíblia nos conserva os dados mais precisos e preciosos a respeito do ser humano. Ao apresentá-lo como criado à imagem de Deus, ela destaca, diríamos hoje, os direitos inalienáveis do homem e o amor inconteste do Criador por ele. Daí o valor e a grandeza da vida, dom sagrado, que une os seres existentes, todos, eternamente, ligados uns aos outros.
Vindo do alto, Jesus nos fala de Deus, não simplesmente como seu Pai, mas como nosso Pai, para entrarmos em comunhão com Ele e com todos os seres humanos, quaisquer que sejam e onde quer que estejam. Ele não é um Pai punidor, mas aquele que garante a divina e carinhosa proteção de seus filhos e filhas.
A invocação “Pai-Nosso” revela que a criação não é uma realidade estática, mas, dotada de seres dinâmicos, ela é, essencialmente, ativa. O ser humano, único e irrepetível, atraído, permanentemente, pelo amor divino, tem presente que quem despreza o irmão despreza o Senhor, e quem se relaciona com o Senhor terá um comportamento justo, digno com seus semelhantes e estará gerando um clima de fidelidade e de confiança.
O imperativo de jamais se esquecer do conhecimento misericordioso de Deus torna-se nosso guia e fonte de renovação espiritual. É uma verdade que se impõe por si mesma. Ela só pode ser sentida... Não descrita... Mas vivida como relacionamento, natural e simples, com o Pai, numa intensa experiência religiosa de intimidade.
Se os ouvintes do Mestre já estavam escandalizados pela autoridade demonstrada por Ele, ao se referir à proximidade do Reino de Deus e ao perdoar os pecadores, agora, expressando o carinho do Pai por Ele e a doçura de Sua presença, muito maior foi o espanto deles.
Inscrito na história de um Povo, o Pai-Nosso restaura a ideia criadora originária de Deus e, ao mesmo tempo, proclama um mundo futuro, todo novo e renovado, graças à ação redentora e misericordiosa do Filho Jesus, o Messias de Deus. Belíssimos são os comentários dos primeiros escritores cristãos, como: Tertuliano, S. Cirilo de Jerusalém, S. Cipriano, S. Agostinho e tantos outros.
Vale a pena lembrar as palavras de S. Cipriano. Diz ele: “Ao rezarmos: ‘Santificado seja o vosso nome’, não somos nós, com nossas orações, que santificamos o Senhor; mas, pela nossa prece, pedimos que o Seu nome seja santificado em nós”; e tenhamos, para com nossos semelhantes, um comportamento justo, nascido do centro da existência.
Então, companheiros de viagem, confiemos na benevolência misericordiosa do Pai, que nos concede o pão de cada dia, o perdão dos pecados e nos livra de todo mal.



+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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