Reflexão do Evangelho - Domingo, 27 de outubro
Reflexão
do Evangelho
Domingo,
27 de outubro
Lc
18, 1-8; 9-14 - Parábolas do juiz iníquo e da viúva importuna e a
do fariseu e do publicano no Templo
Em
cada episódio da vida, Jesus narra o que Deus é para nós: bondade,
misericórdia. Parábola viva do divino Juiz, o Pai celestial, Ele
espera que jamais alguém seja surdo à voz de Deus e à voz dos que
clamam por justiça.
Aliás,
as palavras do juiz, diante da pobre viúva, são espantosas: “Eu
não temo a Deus e não respeito homem algum”. Mais do que simples
figura de linguagem, elas expressam a dureza de coração e o orgulho
autossuficiente daqueles que se julgam acima de todos, intocáveis e
únicos intérpretes da verdade.
O
encontro da viúva com o juiz não foi uma simples ocorrência; foi
um confronto de liberdades, de embates, de busca no encontro de amor
e de doação de si mesmo. Injustiçada e lesada em seus direitos, a
viúva se sente incapaz de ser ouvida. Sem poder fazer pressão por
influências, muito menos dar presentes àquele juiz iníquo e
interesseiro, só lhe restava retornar, pacientemente, por diversas
vezes, à sua presença.
O
antídoto, para abrir o coração do juiz, não era outro, era o
mesmo, oferecido por Jesus ao fariseu: a humildade. De fato, no
Templo, o fariseu, jamais admitindo a necessidade de uma purificação
interior, em sua presunção e vaidade, vangloriava-se do que tinha
realizado. Coberto pelo véu da vaidade e do orgulho, blasonava-se da
observância estrita das múltiplas interpretações da Lei
(halakha).
Ao
invés dele, reconhecendo sua condição pecadora, o publicano, com
sua prece confiante e humilde, é acolhido e justificado por Deus. A
seu respeito, escreve S. João Crisóstomo: “Porque Deus não ouviu
simplesmente suas palavras, mas também leu a alma daquele que a
proferia e, encontrando-a humilde e contrita, Ele a julgou digna da
sua compaixão e do seu amor”.
Ao
ouvir estas parábolas, percebemos que a melhor garantia de ser
ouvido por Deus e receber seus dons é a oração perseverante. O
exemplo é dado pela viúva, que, perseverantemente, vai à casa do
juiz iníquo até que ele a atenda. Uma certeza nos é dada por
Jesus: “Deus fará justiça bem depressa”.
Santo
Agostinho, que captou essas palavras do Mestre, nos lembra: “O
Senhor quis que da atitude do juiz iníquo se deduzisse o modo como
Deus, bom e justo, trata com amor os que recorrem a Ele pela oração”.
E, exortando seus ouvintes, diz S. Cirilo de Alexandria: “Como
poderá, Aquele que ama a misericórdia e odeia a iniquidade, que
sempre estende sua mão salvadora aos que o amam, não acolher os que
se achegam a Ele dia e noite?”.
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Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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