Reflexão do Evangelho - Eucaristia, doação e solidariedade


Reflexão do Evangelho
Eucaristia, doação e solidariedade


        A fala das mulheres sobre o túmulo vazio e a aparição de Jesus ressuscitado não é levada a sério. Desiludidos, alguns discípulos afastam-se de Jerusalém. Dois deles tomam a estrada que, passando por Emaús, os levaria às suas aldeias. Tristes, desconsolados, acabrunhados, comentam entre si o que tinha acontecido. 
        Escondendo-se no horizonte arenoso e seco, o sol deitava seus últimos raios. Um Estranho se põe a caminhar com eles.... Após alguns passos, pergunta-lhes a causa de tanta tristeza. Admirados, eles dizem: “Tu és o único forasteiro que ignora os fatos acontecidos nos últimos dias! ”.
Esboçando um sorriso, o Estranho denota nada saber: “O que foi que aconteceu? ”.
Então, entreolhando-se os dois discípulos, tristes, cabisbaixos, abrem o coração e contam-lhe “o que tinha acontecido com Jesus, o Nazareno, profeta poderoso em obras e em palavras”. Nele depositamos toda a nossa esperança. Julgávamos ser Ele o Messias, aquele que viria para libertar Israel. E hoje, já é o terceiro dia de sua morte... 
        O Estranho parece distante, alheio às suas dores e decepções... E as suas palavras, para espanto deles, soam como uma repreensão: “Ó insensatos e lentos de coração para crer em tudo o que os profetas anunciaram”.
A seguir, com voz tranquila, começa a discorrer sobre as Escrituras. Refere-se às palavras do profeta Isaías, segundo as quais o Messias se apresentaria como Servo sofredor, o Cordeiro a ser imolado ou a Pedra angular rejeitada pelos construtores. Com a sua morte, entrega de sua vida ao Pai, seria restaurada a unidade da humanidade desejada por Deus, perdida pelo pecado, e se restabeleceria, entre todos, os vínculos de concórdia e de justiça.
        Em Emaús, os dois discípulos dirigem-se para uma hospedaria... O Desconhecido faz menção de continuar o caminho. As palavras amigas e a alegria do convívio os levam a insistir: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite está chegando! ”.
Na estalagem, sentados à mesa, o Estranho toma o pão, abençoa-o, parte-o e dá um bocado para cada um. Gesto inconfundível... Imediatamente, cai-lhes o véu... Seus olhos interiores se abrem, e reconhecem quem era o Desconhecido: Jesus, que, logo após, desaparece da frente deles. “Então um diz ao outro: ‘Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras? ’”
O gesto de Jesus remete à Eucaristia, “forma permanente da aparição do Ressuscitado entre nós” (S. Agostinho). Jesus é coração aberto; é doação; é amor; Ele é Eucaristia!
Quem recebe a Eucaristia, unido a Cristo, mantém-se junto aos pobres, que crescem em número e em miséria; e de seus lábios, profeticamente, brota um apelo aos que são cada vez mais ricos, para terem o coração aberto à partilha e à justiça social.  
A Eucaristia, presença de amor e de misericórdia, exige maximizar o bem-estar de toda a comunidade e a solidariedade entre todos!   



+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

         


Comentários

  1. Sua bênção Dom Fernando. Muito bom ouvir suas palavras e vamos rezar para o fim dessa pandemia.

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