Reflexão do Evangelho - Quinta-feira, 15 de junho
Jo 6,51-58
- Festa do Santíssimo Corpo de Cristo
Ao
cair da tarde da Quinta-feira Santa, Jesus entrou na cidade de Jerusalém, pedindo
a Pedro e João que fossem à casa de “alguém” e lhe dissessem que o Mestre ia
celebrar lá a Páscoa com os seus discípulos. Quando Jesus chega, tudo já está
preparado: no andar de cima, uma ampla sala, pronta, varrida e sobre a mesa
alguns pratos com o pão ázimo, as jarras de vinho e as taças. Na hora da ceia,
segundo a tradição, todos se estendem sobre pequenos leitos baixos: João ao
lado do Mestre, Pedro na frente e Judas não muito distante. Através de hinos e
orações, aquele momento sagrado foi perpetuado pela Igreja nascente e será
motivo de inspiração para grandes mestres como Giotto e Leonardo da Vinci.
A
páscoa era celebrada por família; Jesus a celebra com seus discípulos. Durante
a ceia, Ele anuncia solenemente que o “tempo” está próximo e, com o coração
palpitante de amor, faz o seu último e mais íntimo discurso, que o Evangelista
introduz com as palavras: “Tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os
até o fim”. A expressão “até o fim” significa não apenas o último momento, mas
“a plenitude” de sua vida terrena, prenúncio do forte grito, dado por Ele, no
alto da cruz: “Tudo está consumado”.
De
modo conciso nos gestos e palavras, a última Ceia é apresentada como refeição
pascal. Inicialmente, de acordo com o rito prescrito, Jesus lava simbolicamente
as mãos, a seguir, para surpresa de todos, levanta-se, cinge-se com uma toalha
e põe-se a lavar os pés dos Apóstolos, gesto geralmente confiado a um servo ou
escravo. Ao vê-lo aos seus pés, os Apóstolos ficam espantados e, mesmo,
constrangidos, como no caso de Pedro, que protesta veementemente: “Senhor, tu,
lavar-me os pés? ”. S. Agostinho comenta que “esse acontecimento é algo mais
para ser refletido do que para ser dito”, como é o caso da resposta de Jesus a
Pedro: “Se não te lavar, não terás parte comigo”. Ao compreender que além de ser
excluído da sua missão evangelizadora, ele seria igualmente afastado da
convivência com o Mestre, o ardoroso Pedro oferece não só os pés, mas também
suas mãos e cabeça para serem lavados. Diante desse gesto impetuoso, Jesus conclui:
“Aquele que já se lavou, não tem necessidade de lavar senão os pés, pois todo o
resto está limpo”. Aí, na própria refeição, Jesus está em meio aos discípulos
como aquele que serve: a última ceia define sua missão como serviço de amor.
Retornando
à ceia, Jesus tomou em suas mãos um pão ázimo, levantou os olhos ao céu,
dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo”; e logo a seguir: “Este é o cálice do meu
sangue”. Na linguagem bíblica, ao dizer: “Isto é”, Jesus exprime um memorial,
que atua e torna presente o que recorda; sob as espécies do pão e do vinho, sua
presença é perpetuada entre os discípulos. Por conseguinte, aos que recebem a
Eucaristia, supremo ato de amor e de doação, dom de si mesmo, na perspectiva de
sua morte, em favor da humanidade toda inteira, impõe-se lavar os pés de seus
irmãos, prestando um serviço caridoso a todos, particularmente, aos mais pobres.
+Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário