Reflexão do Evangelho – Domingo, 01 de Julho
Reflexão
do Evangelho – Domingo, 01 de Julho
Mt
16,13-19 - Confissão do Apóstolo Pedro
Estando
a caminho de Jerusalém, perto da cidade de Cesareia, reedificada
pelo tetrarca Felipe, no ano 3 a.C., Jesus, acompanhado por seus
Apóstolos, pergunta-lhes: “Quem dizem os homens ser o Filho do
homem?”. A resposta traduz a opinião popular, que o identificava
com um dos profetas do passado: “Uns afirmam que és João Batista,
outros que és Elias, outros, ainda, que és Jeremias ou um dos
profetas”. A expressão “Filho do homem” traz consigo a
ambiguidade entre a origem humana de Jesus, “Filho de Davi, Filho
de Abraão” (Mt 1,1), e o mistério divino, apocalíptico,
título indicado pelo profeta Daniel (cap. 7).
Sugere-se,
sem dúvida, a dualidade da natureza de Jesus, como observa S.
Hilário: “Para além do que se via nele, o Cristo deixava
pressentir que havia algo mais”. Daí a pergunta direta aos
Apóstolos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Chegara,
finalmente, o momento de uma conversa esclarecedora sobre sua missão,
e eles compreendem a intenção do Mestre: uma resposta, que fosse
fruto da longa convivência com Ele.
Embora
Jesus tenha se dirigido a todos os Apóstolos, quem fala é Pedro, o
que realça o fato de ele ser o porta-voz ou o representante de todos
eles. E Pedro identifica o Mestre ao Messias, “ao Cristo, ao Filho
do Deus vivo”.
As
palavras que se seguem haurem toda uma força poética do ambiente em
que se encontram: diante deles, o monte Hérmon com sua barreira
rochosa, grutas e fontes. Ao ouvir Pedro, Jesus acolhe sua confissão
de fé e declara suas consequências: “Bem-aventurado és tu,
porque não foram o sangue nem a carne que te revelaram isto, mas sim
o meu Pai que está nos céus”. E, com ênfase, acrescenta: “Tu
és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as forças
inimigas não conseguirão destruí-la”.
Testemunha
da verdadeira identidade de Jesus, Pedro é a rocha, princípio
externo de estabilidade, de continuidade e de unidade da comunidade
de seus seguidores. Supera-se a “qahal”, assembleia global
dos fiéis do Antigo Testamento, e é restaurada, pelo Messias, a
“congregação dos santos” (Is 60,21), que reunirá todos os
fiéis no único Povo de Deus.
“É
tocante, escreve Orígenes, pensar que Pedro tenha dito ao Salvador:
‘Tu és o Cristo’; mais impressionante é que o tenha reconhecido
‘Filho do Deus vivo’. Caso professemos essas mesmas palavras, é
porque elas nos foram reveladas pelo Pai, e também nós, como Pedro,
seremos proclamados ‘bem-aventurados’” (Sobre Mt XII, PG
13,995). Eis que a unidade da humanidade querida por Deus tem seu
início, e está em curso a instauração de “um novo céu e uma
nova terra” (Ap 21,1).
+Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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